Quem gosta de ler e passou nestes dias pela estação Prefeito Celso Daniel, da linha 10-Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), em Santo André, gostou do que viu. Em comemoração ao Dia da Leitura (12 de outubro), a estação improvisou uma estante para disponibilizar livros usados. Em parceria com a organização não governamental Casa da Joanna o projeto Livre-se, a CPTM convida o passageiro a pegar um livro e, após a leitura, devolvê-lo no local ou em qualquer outro endereço do projeto, como as estações de Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires. Mauá e São Caetano ainda não foram contemplados.
O aposentado Inaldo José do Nascimento, 57, não só escolheu um livro para levar para casa, como contribuiu para o projeto. “Este é o segundo livro que pego nas estantes e dessa vez eu trouxe alguns de casa para outros lerem”, conta. Os estudantes Isabela Kobb e Julio Henrique vieram de Osasco e se surpreenderam com os caixotes de livros. “Primeira vez que vemos este projeto e de cara achamos interessante. É legal ter a oportunidade de ler enquanto a gente espera o trem ou até mesmo levá-lo e ler na viagem, que demora um bom tempo”, disse Isabela.
Os livros estão disponíveis durante todo o horário de operação da CPTM, e incluem títulos clássicos nacionais e estrangeiros, infanto-juvenis, religiosos etc. O projeto aceita doações de livros e parcerias para ponto de empréstimo. As doações em grande volume podem ser retiradas pela ONG, basta enviar email (livrese@casadajoanna.com.br)
Affonso Romero, analista de Comunicação da CPTM, diz que a ideia é expandir o projeto. “Ainda estamos em período de testes, mas fomos supreendidos com a eficácia do sistema. Mal colocamos os livros nas prateleiras e eles já são retirados, é incrível”, comenta.
Cidadão crítico
A escritora, poeta e editora, Dalila Teles Veras, fundadora da livraria Alpharrabio, em Santo André, considera interessante o projeto, pois o hábito da leitura ajuda a criar um senso crítico no cidadão e formá-lo a respeito de diversos assuntos. “Mas, infelizmente não somos um país habituado com a leitura devido a alguns fatores, como gestão, comando. Ler deve ser algo convidativo, que fomente um debate cultural, e que seja prazeroso”, lamenta. Dalila lembra que hoje existem caixas de livros fechadas nas escolas e diz que isso tem uma resposta. “O governo não tem interesse em formar população crítica. Vemos estudantes universitários incapazes de decodificar um texto, isso é um absurdo”, ressalta.
O Livre-se é inspirado no bookcrossing, campanha mundial que estimula a troca natural de livros em outros locais públicos, como praças e avenidas. No ABC, além das estações de trem, o projeto da ONG funciona em 12 endereços, disponíveis no site http://casadajoanna.com.br/livrese/.