O desempenho avassalador de Joao Doria (PSDB) em São Paulo fez crescer também candidaturas tucanas no ABC e em outras cidades da região metropolitana. A avaliação é de Nilson Tristão, do Instituto Opinião, que concedeu entrevista ao RDTv.
“Realmente foi uma onda promovida pelo Doria, que foi um fenômeno, um foguete que saiu de 2% para vencer com 53% e carregou com ele um monte de gente que mais ou menos se identificava com o perfil dele”, avalia o especialista. “O Doria não somente se elegeu prefeito dentro de uma eleição inédita em SP em primeiro turno, ele também fez outros prefeitos em toda Grande São Paulo”.
A “onda azul” se traduz nos números que emergiram das urnas no último domingo (2). Doria venceu no primeiro turno com 53,29% dos votos válidos. Em Santo André, Paulo Serra (PSDB) venceu o primeiro turno com 35,85% dos votos. Em São Bernardo, o tucano Orlando Morando foi o mais votado, com 45,07% dos votos.
Em São Caetano, Auricchio (PSDB) foi eleito prefeito e em Rio Grande da Serra Gabriel Maranhão (PSDB) conquistou a reeleição.
Para Tristão, os adversários diretos do PT chegam como favoritos ao segundo turno da eleição no ABC. “O fato é que nenhum prefeito do PT, seja ele em Mauá ou Santo André chegam no segundo turno com status de favorito. Seja o Atila em Mauá como o Paulo em Santo André, eles já começam o segundo turno nas condições de favorito”, avalia o diretor do Instituto Opinião.
Ele complementa: “Dentro desse contexto, o Geraldo Alckmin nem é o melhor cabo eleitoral, o Doria se tornou um baita cabo eleitoral que vai cumprir um papel fundamental dentro do 2° turno”.
Golpe e “Fora Temer”
O diretor do Instituto Opinião também fez um balanço do desempenho da esquerda, em especial o PT, que encolheu em relação à última eleição municipal. Nilson Tristão acredita que o discurso de que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe não colou.
“Essas eleições mostraram isso, que a ideia do golpe e o mote Fora Temer não tiveram nenhum peso, nenhuma relevância. Todos que assumiram essa bandeira dentro do campo eleitoral foram derrotados, não teve ninguém que venceu essas eleições tendo como suas bandeiras a denúncia do golpe e o fora temer, todos eles foram derrotados, ou seja, a sociedade não comprou essa tese”.
Tristão acredita que a estratégia de atuação do PT nos últimos anos acabou acabou se voltando contra o próprio partido. “O PT, durante quatro eleições seguidas, trabalhou muito bem a questão do ‘nós contra eles’. O que ele acabou gerando de efeito colateral? Ele trouxe o ‘eles’ pra dentro da política e perdeu o ‘nós’. Ou seja, os que estavam parados no canto e que não tinham tradição de se envolver com a política, a classe média, mais liberal que estava mais distante. Ele trouxe esse pessoal para o ring”.