Embates, reclamações e choro marcaram a primeira reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará suspeitas de irregularidades no Instituto Municipal de Assistência à Saúde do Funcionalismo (IMASF). O encontro que ocorreu nesta quarta-feira (14), após a sessão da Câmara de São Bernardo foi apenas para falar sobre questões burocráticas da CPI, fato que gerou a revolta de usuários que acompanhavam as falas dos vereadores e que queriam que convocações fossem feitas.
As divergências começaram com a falta de acordo para deliberações. O presidente da CPI, José Cloves (PT), afirmou que não faria nenhuma votação sobre requerimentos, depois voltou atrás quando queria aprovar um pedido para que o Imasf enviasse o organograma da autarquia de 2008 até 2015. Na sequência voltou para a ideia inicial, fato que causou uma forte divergência com Pery Cartola (PSDB). A reunião chegou a ficar suspensa por alguns minutos.
Cartola queria a votação dos pedidos de convocação do ex-presidente do Imasf Waldir Miraglia, do diretor presidente do Instituto Acqua, Ronaldo Querodia, e um convite para que o prefeito Luiz Marinho (PT) fizesse os esclarecimentos necessários sobre a relação do Executivo com a autarquia durante a gestão de Miraglia.
Em meio ao debate, Marcelo Lima (SD) também afirmou que faria um requerimento para que fosse feito um convite para que o ex-prefeito William Dib fosse chamado para falar sobre sua participação junto ao Imasf em 2008.
Antônio Cabrera (PSB) reclamou das atitudes dos vereadores e pediu uma organização dos trabalhos para que se evitasse a “politicagem” dentro da CPI, ou seja, trazer a disputa eleitoral para a Comissão. Em meio aos debates, o vereador João Batista (PSD) também reclamou sobre as atitudes dos vereadores em torno das convocações, mesmo afirmando que era contra a instauração da CPI, pois o mesmo fato já é investigado pelo Ministério Público.
Após 40 minutos de debates a reunião foi encerrada, mas o clima quente continuou. Cartola deixou a sala de reuniões afirmando que o encontro foi uma “vergonha”. Usuários do Imasf reclamaram da postura de Cloves, algumas senhoras chegaram a chorar ao pedir que fosse feito algo para que fossem realizadas as convocações necessárias. O petista alegava que não poderia fugir das regras impostas pela Constituição Federal, assim não gerando uma futura anulação do caso.
Questionado sobre a reunião, o representante da Associação dos Usuários do Imasf, Marco Antônio de Oliveira, o Pezão, 66 anos, considera que alguns vereadores tentaram limitar o trabalho de Cartola por “ciúmes”. “Foi um começo péssimo. Estamos há dois anos trabalhando junto com o Pery e pelo que tenho visto, isso causou ciúmes dos outros vereadores que não querem seguir esse trabalho. A intenção do Cloves foi postergar”, afirmou.
José Cloves considerou as reclamações como naturais. “É algo novo para a Câmara, as pessoas não sabem como é o processo parlamentar. Temos que respeitar os protocolos, pois podemos criar vários fatos nulos. Como vou ouvir alguém sem um critério?”, indagou o petista.
“Fiz a convocação de dois membros importantes e um convite ao chefe do Executivo, Luiz Marinho. O nosso medo, pela aproximação do PPS e do PT, sempre foi tornar essa CPI, uma CPI do abafa. Houve uma falta de respeito comigo. Vou continuar fazendo da vida deles um inferno até eles demonstrarem transparência nesse processo, pois se eles me tiraram da presidência e dar relatoria, então eles tem que fazer o trabalho que eu faria”, afirmou Pery Cartola.