O secretário executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC, Giovanni Rocco, em entrevista ao RDtv, revela que a entidade planeja questionar os candidatos a prefeito das sete cidades da região. “O papel da agência é provocar, induzir principalmente nessa questão de desenvolvimento econômico que é muito ampla. Estamos estruturando um questionário para os candidatos a prefeito”.
Segundo Rocco, a ideia é fazer ao menos duas perguntas objetivas para cada candidato nas próximas semanas: “Quais são as propostas para o desenvolvimento econômico, de médio e longo prazo, com ações de curto prazo que o candidato tem para sua cidade? E como essas propostas se integram no desenvolvimento regional?”.
Um dos motivos para a agência buscar conhecer as propostas de cada político, de acordo com o secretário executivo, é saber quais candidatos se preocupam em ter uma visão regional de diversas áreas, principalmente econômica. “Nossa região não tem fronteiras. […] Então nós da agência e todos esses atores, universidades, sindicatos, associações industriais e indústrias temos esse papel de fazer essa provocação”, explica.
Para Giovanni Rocco, o Consórcio Intermunicipal Grande ABC, que deliberou junto à Câmara Regional a criação da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC, é a ponte que proporciona o fomento de ideias em âmbito regional. “E aí eu até costumo fazer uma provocação, qual é a definição do verbo fomentar? É uma coisa que você tem que incentivar impulsionar, motivar, fazer acontecer, e ao mesmo tempo com o fluxo das informações, como são muito rápidas, muitas oportunidades estão passando na nossa porta e a função do poder público é detectar e trazer pra onde é necessário”.
Rocco, que está há três anos na entidade, afirma que a agência precisa enfrentar o fechamento das indústrias do ABC. , mas, para tanto, é necessário investir em novas infraestruturas. “Devemos olhar quais são as dificuldades e desafios e pensar a nossa região pra fora. Por que nós só tivemos investimentos e também instituição de novas montadoras na região só no período na década de 70, 80? Esse ponto que temos que enfrentar na prática. Mas pra isso você precisa de infraestrutura”.
Ele defende o estudo de outros modelos de industrialização para fugir da dependência das montadoras. Cita o que aconteceu com a instalação das fábricas de veículos na região, quando o número de funcionários era alto. “Em 1970 a Volkswagen tinha 44 mil funcionários e hoje a planta tem 12 mil funcionários e vai entrar em uma meta de layoff de 3.600 então vai chegar a 8 mil arredondando esses números. O nosso emprego vai existir daqui há 10 anos?”, questiona.
Outro ponto a ser analisado, de acordo com o representante da agência, é se haverá trabalho para os profissionais formados nas universidades e faculdades do ABC. “Onde é que eles (formandos) vão trabalhar? E mais do que isso, pra onde esse capital humano está indo? […] Qual que é o Grande ABC que nossa população quer? Que o povo quer? Então é importante que as riquezas fiquem aqui”, pontua.
A Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, criada em 1998 e estabelecida como Associação Civil de Direito Privado, promove encontro entre empresários, investidores, acadêmicos e lideranças políticas. É, de certa maneira, braço tático e operacional do Consórcio Intermunicipal.
Giovanni Rocco é bacharel em Direito pela UniABC e pós-graduado em Ciências Políticas pela Escola Civitas.
(Colaborou Anderson Afonso)