Moradores pedem para MP investigar falta de água em Santo André

Cerca de 80 moradores do 2º subdistrito, em Santo André, protocolaram quarta-feira (24/8) no Fórum pedido ao Ministério Público (MP) de “investigação acerca do problema crônico da interrupção de abastecimento da água por parte do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André)”. No meio de um embate político entre e a Prefeitura e a Sabesp, os moradores contam que não aguentam mais ficar sem água em casa. Além disso, não conseguem ser atendidos quando telefonam para o Semasa.

Antes de procurar o Ministério Público, os moradores saíram em caminhada do Parque Regional da Criança, no Parque Jaçatuba, em direção ao Fórum. Durante o trajeto carregavam cartazes com os dizerem, como “a conta saltou de R$ 54,45 para R$ 336,66”.

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Os manifestantes apontaram o Parque João Ramalho, Parque Novo Oratório, Campestre e Jardim Ana Maria como os bairros mais atingidos pelo desabastecimento. Mas não é só lá. Roberto Sanches, mecânico no Jardim do Estádio, afirma que hoje é o maior problema do bairro, é a água que chega nas torneiras somente às 22h e às 8h30 desaparece. “É um desrespeito, a conta sobe todo mês e ainda pagamos com o nosso sofrimento”, reclamou Sanches nesta quinta-feira (25). “Estamos pagando mais por ar do que por água“, disse um dos manifestantes, Ednei de Rossi, do bairro Jardim Ana Maria.

Aparecida da Silva, moradora do Parque João Ramalho, contou que está cansada de tomar banho de balde. “Vivemos num sofrimento só. Muitas vezes um vizinho que consegue água empresta para o outro. Contamos com Deus e a sorte”, relatou. “Eu conheço gente que tem ficado até 15 dias sem água em casa e, muitas vezes, o Semasa corta a água sem nos avisar”, reclama a dona de casa Lourdes da Costa.

Iria Bianchini revelou que no bairro Parque Erasmo Assunção, a falta de água piorou faz mais de dois anos. “Tivemos um vazamento na rua, em precisei fazer três ligações para o Semasa resolver o problema, que demorou três meses para resolver. Aqui no bairro nós temos de economizar água porque nunca se sabe quando ela pode vir de novo, tem gente aqui que lava roupa às 3h da manhã, um absurdo”, afirmou a dona de casa, que relatou outro vazamento na rua Eduardo Prado, quando ia para a manifestação nesta manhã.

Manifestantes reclamam da falta de água (Foto: Tamara Polastre)
Manifestantes reclamam da falta de água (Foto: Tamara Polastre)

Desabastecimento enfrenta embate

O Semasa informa que a cidade recebe 232 litros por habitante dia, equivalente a uma vazão média de 1900 l/s (dado de 24 de agosto de 2016). A informação da Sabesp de que vende água no atacado para o Semasa: 288 litros por habitante por dia “é mentirosa”, segundo a autarquia de Santo André.

Segundo a Sabesp, o Semasa recebe quase 20% a mais de água que a média da Grande São Paulo. “Essa é outra informação falsa. O Semasa recebe quase 5% a menos do que a Sabesp diz disponibilizar para a Região Metropolitana de São Paulo”, responde a autarquia.

Também por meio de nota, a Sabesp informa que “os processos judiciais de cobrança de contas não pagas pelo Semasa estão em andamento, com grande parte da dívida em fase de execução/precatórios”. Como resposta, o Semasa informa que “os processos tramitam na instância jurídica e no CADE. O Semasa acredita que a Sabesp não envie água ainda por conta da crise hídrica. Embora o governador Geraldo Alckmin tenha “decretado” em março deste ano “o fim da crise”, a Sabesp não retomou a vazão que destinava à cidade antes da crise hídrica (2.370 l/s)”.

A companhia estadual diz, ainda, que a dívida atual é de R$ 3,223 bilhões e o Semasa está pagando “apenas 30% da água que compra por atacado mensalmente”. Segundo o Semasa, a informação é incorreta. “A soma dos precatórios emitidos contra o Semasa em benefício da Sabesp é de R$ 368.493.739,50 – sendo que ontem (23/8) foram apresentado ao Judiciário cálculos que demonstram que o Semasa possui crédito perante a Sabesp no valor de R$ 151.530.180,90. Com isso, na data de hoje (24/8), pode se considerar que a dívida do Semasa perante a Sabesp é de R$ 216.963.558,60 – valor bem inferior ao informado pela Sabesp. Salientamos que os valores estão sub judice, sendo possível que a dívida seja diminuída ainda mais em seu valor ou, até mesmo, que o Judiciário declare a Sabesp devedora do Semasa”, responde. (Colaborou Tamara Polastre)

 

 

 

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