Pela segunda semana consecutiva a Câmara de São Bernardo não conseguiu concluir as indicações dos vereadores que vão trabalhar na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Imasf (Instituto Municipal de Assistência a Saúde do Funcionalismo). Durante a sessão dessa quarta-feira (10), vereadores se ausentaram do plenário por muitos momentos, o que deixou a sessão sem quórum e assim não dando chances para que os dois nomes restantes fossem anunciados.
Durante as quatro horas de sessão foram realizadas nove chamadas para confirmar a presença dos vereadores através do painel eletrônico, em apenas quatro oportunidades houve quórum para a deliberação. A primeira chamada aconteceu às 9h54 com 16 legisladores presentes, assim criando o quórum mínimo. A segunda chamada foi realizada 30 minutos depois e apenas dez parlamentares estavam presentes no plenário.
A partir daí a sessão foi suspensa por várias vezes e mais quatro chamadas foram realizadas, sendo que apenas o pedido realizado às 11h33 acabou com o número regimental para votação. Como existiam duas pautas obrigatórias, ambas ganharam prioridade, mas as votações só ocorreram às 11h40 e às 12h48. Duas chamadas foram feitas até o final da sessão e ambas constaram com 17 vereadores presentes.
Os vereadores Marcelo Lima (SD) e Pery Cartola (PSDB) entraram com requerimentos para que a sessão pudesse acontecer até as 13h30, porém as duas votações foram prejudicadas por falta de quórum. Apesar de constar a presença de 17 vereadores, apenas 13 vereadores (o presidente da Casa, José Luis Ferrarezi – PT, não vota) votaram os pedidos. Na última votação Tião Mateus (PT), Martins Martins (PHS) e Toninho da Lanchonete (PT) não votaram, apesar de presentes em plenário. Nenhum dos três parlamentares falou com a imprensa.
Um grupo de 50 manifestantes aplaudiram ironicamente os vereadores e depois passaram a gritar por diversas vezes a palavra “enrola”, em referência as manobras para que não houvesse tempo hábil para que o grupo que trabalhará na CPI não fosse completado.
“Eu estou sentindo que tem uma falta de vontade política para uma decisão sobre uma questão tão importante como essa. Vejo com muita tristeza o não cumprimento de uma questão judicial, até porque uma questão judicial não se protela, não se discute. Essa Casa dá exemplos da falta de sensibilidade que ela tem com questões sobre o Imasf. Não é a primeira vez que essa Casa faz um movimento contrário para que um ato de transparência como esse venha a tona”, afirmou Pery Cartola que não descartou a possibilidade de tomar medidas jurídicas para que a CPI comece de fato.
Ferrarezi afirmou que está com todo o respaldo jurídico e que a CPI já está instalada. “Eu fico muito frustrado, porque eu atuei hoje para que em todo o momento para cumprir a pauta obrigatória, eram dois itens muito tranquilos, eram duas denominações de equipamentos públicos e isso nunca causou polêmica dentro da Casa. E trabalhei para que houvesse quórum para completar o que falta que é a indicação de dois partidos”, disse o petista que ao fim da sessão fez cópias de todas as chamadas realizadas durante a sessão para que sejam anexados a liminar que obriga a instalação da CPI.
Nos bastidores, a informação é de que a manobra foi feita pelos vereadores para evitar que Cartola seja o presidente da Comissão e assim possa “estrelar sozinho”, levando todos os créditos. Para que CPI comece de fato faltam as oficializações dos nomes de Marcelo Lima e Roberto Palhinha (PTdoB), assim completando o grupo com 13 legisladores. O prazo de 120 dias só começa a contar a partir da primeira reunião, algo que só acontecerá após o fechamento da lista.