Uma manifestação de estudantes pedindo a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (PCI) para investigar a suposta compra superfaturada de almondegas para merenda escolar marcou a primeira sessão da Câmara de Mauá após o recesso, nessa terça-feira (2). O grupo tentou ocupar o plenário do Legislativo, mas acabou impedido por Guardas Municipais. Dois manifestantes foram presos, sendo que um deles com um ferimento na cabeça.
Os manifestantes ligados da União da Juventude Socialista (UJS) cantavam palavras de ordem desde o início da sessão, pedindo para que os vereadores instaurassem a CPI. Após uma hora, um grupo entre cinco e sete, pularam da galeria para o plenário em uma tentativa de ocupação do espaço. Uma faixa com a frase “Câmara Ocupada” chegou a ser colocada no local.
Na sequência, um grupo de GCMs entraram no local e retiraram os estudantes. Segundo testemunhas, alguns dos manifestantes foram agredidos pelos seguranças, levando socos e chutes, algo negado pelos guardas.
“Os estudantes da cidade de Mauá vieram aqui hoje por conta do roubo da compra da merenda que está sendo cometida pelo prefeito Donisete Braga (PT), onde ele pagava R$ 10,04 pela almondega e agora se paga o dobro, R$ 20 o quilo. Os estudantes se organizaram para pedir a CPI da Merenda, algo que nenhum vereador se posicionou para isso e não aceitou. Pacificamente ocupamos a Câmara, então o presidente da Câmara, Marcelo de Oliveira, do PT, mandou a Guarda da Câmara, depois de conversar com o prefeito Donisete, agredir os estudantes. Chutaram a minha boca”, afirmou o presidente da UJS em Mauá, Renato Ribeiro.
Os estudantes Guilherme Botelho e Ediclécio Jesus Melo, ambos com 17 anos, de Santo André, também reclamaram de agressões. “Me chutaram no braço, nos expulsaram com muita violência. Basta passear na Câmara, tem sangue para todos os lados”, afirmou Botelho. Almas manchas de sangue estavam espalhadas tanto pelo acesso dos funcionários quanto pelo acesso do público.
O presidente do Legislativo, Marcelo Oliveira (PT), afirmou que as agressões começaram com os manifestantes. “Começaram a jogar algumas coisas, depois pularam aqui dentro. A Guarda está aqui para defender? Para defender o patrimônio da Câmara e os vereadores, e foi isso que fizeram. A Guarda sempre está aqui. Vieram para cima do vereador Ricardinho (da Enfermagem, PTB), falando várias coisas para ele, tentei tirar ele, mas ele não quis sair”, disse o petista.
Oliveira também relatou que foi jogada algumas garrafas com água nos equipamentos eletrônicos e também no projetor usado para exibir as imagens da sessão que acabou quebrado.
Dois estudantes foram presos, Alessandro Ferreira e Emerson Santos, presidente da UJS de Mauá que acabou ferido na cabeça. Segundo os manifestantes, o ferimento foi causado por um soco dado pelos Guardas. Ambos foram levados para o 1º DP de Mauá.
Mesmo com a confusão, o grupo de estudantes vão fazer novos protestos nos próximos dias para pressionar a criação da CPI. Na Câmara, não existe nenhum requerimento pedindo uma investigação.
“Não tem problema em fazer uma investigação, mas temos que esperar o Ministério Público que já está investigando e tem mais recursos para isso”, concluiu Oliveira.