Em sua estreia, peça horrorizou público conservador

Godspell (termo que é uma grafia arcaica da palavra gospel) provocou rebuliço entre os espectadores mais tradicionalistas quando estreou na Broadway em 1971, especialmente os cristãos, que não aceitaram a bem-humorada adaptação das famosas parábolas do Evangelho de São Mateus ao cenário nova-iorquino. Para a maioria, era difícil de engolir um Jesus vestindo uma camiseta com o símbolo do Super-Homem estampado no peito. Ou mesmo um João Batista batizando os novos fiéis com água do chafariz da Praça Central.

Na verdade, cegos pelas aparências, os revoltados demoraram para perceber que a mensagem da Bíblia estava intacta e aquele Messias hippie era mais acessível sem perder a divindade. Foi esse o tom que marcou a versão cinematográfica de 1973, que tornou o musical mundialmente conhecido a ponto de uma de suas canções, Day by Day, apresentada no álbum original, figurar na lista das mais ouvidas da revista Billboard.

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Se, por vezes, soa datado para o espectador atual, o filme ainda mantém momentos impactantes, como a da crucificação de Cristo. Em sua montagem, Dagoberto Feliz mantém o despojamento ao evitar a clássica imagem da cruz e colocar um telão no palco, pelo qual a plateia vê imagens ao vivo de Cristo nos bastidores até sua volta à cena, marcando a ressurreição.

A primeira montagem brasileira de Godspell aconteceu em 1973, com Antonio Fagundes vivendo Jesus e sua então mulher, Clarice Abujamra, assinando a coreografia. A direção foi de Altair Lima, que já havia produzido anteriormente Hair.

Dez anos depois, Fernando Eiras viveu o filho de Deus em uma montagem carioca. Em 2002, Miguel Falabella produziu uma nova versão, com grandes nomes do teatro musical, como Fred Silveira (no papel de Jesus), Sara Serres, Amanda Acosta e Paula Capovilla. E, em 2012, surgiu a mais recente versão de Godspell, no Teatro Commune, em São Paulo.

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