O projeto realizado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Diadema, “Homem sim, consciente também”, será implantado pela Polícia Civil em mais 16 delegacias do Estado de São Paulo, segundo informou a delegada titular da unidade e responsável pelo projeto, Renata Lima de Andrade Cruppi, em entrevista ao RDTv. O programa consiste em formar grupos de homens com traços de agressividade e vícios para conversar sobre seus problemas e sentimentos, auxiliando assim na reconstrução familiar e na diminuição de ocorrências de violência.
De acordo com a delegada, muitos homens passam por momentos difíceis como desemprego, problemas de saúde e financeiro, sendo que, caso não encontrem ajuda adequada, alguns podem se tornar agressivos com seus familiares mais próximos, principalmente com suas companheiras. “Assim como tem uma rede de proteção à mulher, à criança e ao adolescente, os homens também precisam de ajuda. E nada mais justo do que começar do começo, antes de ter todo um desdobramento”.
A principal diferença entre o programa da DDM para o “E Agora, José?”, de Santo André, é que o primeiro atende pessoas convidadas, que não tem a obrigatoriedade de participar das reuniões. Já o segundo, lançado pela Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres, em parceria com o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e a Secretaria de Administração Penitenciária, não trata de mediação de conflitos, e sim punição. A medida pode ser indicada por um juiz, e o agressor tem a obrigação de participar de todos os encontros.
A semelhança entre os dois programas é que ambos buscam conscientizar os homens dos direitos da mulheres, além de incentivar que reflitam sobre seus atos.
Segundo Cruppi, muitos casos de inquérito são arquivados, outros casos são de denúncias em que o agressor acaba não sendo punido. “Aí vem a pergunta: será que esse homem deixou de ser agressor? Será que deixou de ter problemas? Não, não deixou. A vida dele continua. Ele precisa ainda assim ser orientado”, afirma. Em muitos desses casos, os homens envolvidos nos inquéritos são convidados a participar do grupo.
A delegada afirma que há casos em que homens de outras cidades buscam apoio na delegacia de Diadema, porém, a maior dificuldade é a distância a ser percorrida para participar da reunião.
“No programa que nós desenvolvemos, esses homens têm o espaço adequado, a reunião é somente com homens. Ali eles podem chorar quando quiserem, tirar as dúvidas que quiserem. Cada profissional tira algum tipo de dúvida”, explica. Ao todo são seis reuniões, cada uma realizada por um profissional diferente, entre psicologo, assistente social e sociólogo.
De acordo com Cruppi, no começo dos encontros, a maioria dos participantes se mostra desconfiados porque não acreditam que têm algo voluntário destinado para eles e logo imaginam alguma punição. “Quando o homem percebe que há um local tranquilo que ninguém aponta o dedo, que não traz problemas para ele, que ninguém julga e que ele é o foco da reunião, eles pegam confiança e quando vai terminando o programa eles pedem mais”, diz.
Quando as reuniões terminam, uma psicologa da rede de proteção é disponibilizada para acompanhar os participantes quando necessário. Os homens interessados no programa podem obter mais informações pelo telefone 443-2856 ou pessoalmente na DDM de Diadema, localizada na rua Santa Rita de Cássia, 42, Centro.