Políticos da região intensificaram nos últimos dias o ritmo de inaugurações, com o objetivo de garantir a entrega de obras antes de 2 de julho, data-limite imposta pela legislação eleitoral para participação de eventos dessa natureza.
O corre-corre se repete em todas os anos de eleição municipal, mas neste ano o fenômeno ganhou um ingrediente a mais: cresceu como nunca a proliferação de “reformas” em equipamentos públicos. Com direito a festa, discursos, placas e faixas.
Sem conseguir investir em novas obras, a maioria dos prefeitos do ABC apostou quase todas as fichas em intervenções de manutenção nos equipamentos já existentes – algo que deveria ser obrigação, mas que, na falta de realizações mais concretas, vira vitrine para os gestores que tentarão a reeleição.
Reforma de UBS, reforma de parque, reforma de praça, reforma de hospital, reforma de pronto-socorro e reforma de quadra são apenas alguns dos exemplos das “realizações”, muitas deles com previsão de entrega nesta sexta-feira, 1º de julho. Há espaço na agenda até para “entrega de manutenção geral” de escola.
As dificuldades financeiras enfrentadas pelos municípios são de conhecimento geral. O cobertor está curto e os investimentos estão mais difíceis. Além disso, nem toda reforma pode ser considerada inútil.
No entanto, tentar transformar toda e qualquer manutenção em grande realização e colher dividendos eleitorais é exagero. A população demanda e merece mais do que isso. Se contentar com equipamentos públicos repaginados é pouco.