Dificuldade de captação de recursos adia reforma do teatro Carlos Gomes mais uma vez

Projeto deve ser dividido em etapas (Amanda Lemos)
Projeto deve ser dividido em etapas (Foto: Amanda Lemos)

A reforma do teatro Carlos Gomes sofre mais um entrave: a dificuldade da prefeitura de Santo André captar recursos, através da Lei Rouanet, no valor de R$ 9,1 milhões. A construção está fechada desde 2008 pela Defesa Civil, por possuir problemas na parte elétrica, de infiltração, nos banheiros, falta de acessibilidade para deficientes e de saída de emergência. A reforma do local foi promessa de campanha de diversos candidatos a Prefeito da cidade, mas, até o momento, não foi cumprida por nenhum.

O projeto de revitalização do local segue há mais de 15 anos com propostas incertas, mudando a cada gestão. Os planos de reformas vêm desde a gestão da administração do ex-prefeito Celso Daniel e segue até o atual governo de Carlos Grana (PT). As prefeituras sempre alegam falta de verba para a reforma e, para sair desse impasse, o secretário de Cultura e Turismo da cidade, Tiago Nogueira (PT), buscou aprovação do projeto de reforma do teatro pela Lei Rouanet, que tem mecanismo de incentivos fiscais.

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Após a proposta aprovada, o proponente, no caso a prefeitura, busca apoio de empresas, que poderão ter o valor investido deduzido do imposto de renda. O secretário alega que, apesar do projeto ter sido aprovado pelo Ministério da Cultura (MinC), a dificuldade maior é conseguir apoio.

“O momento não é bom. Conversamos com algumas empresas, vou dar um exemplo: nós falamos com a Braskem, que não tem imposto a pagar, no caso, imposto de renda, nesse exercício. Com a resseção econômica, as empresas também têm dificuldades. Outra alternativa era falar com as empresas estatais, Petrobrás, Banco do Brasil, BNDES, Correio. Mas o momento politico também não é favorável. Os caras estão em transição ainda”, disse Nogueira.

Com a dificuldade de captar recursos de empresas e com a Prefeitura em dificuldades financeiras, Tiago Nogueira pretende refazer o projeto e dividi-lo em etapas. “Talvez a gente faça uma primeira etapa pra que o galpão seja aberto ao público, tenha fachada. Sempre na linha da proteção ao patrimônio. Então você já começaria a ter uma utilização do espaço, por exemplo, se eu tenho banheiros, a fachada resolvida e iluminação, eu consigo promover pequenos shows, posso fazer o canto do chorinho, uma exposição fotográfica”, conclui.

O atual projeto prevê 600 poltronas retráteis que podem ser removidas, liberando o espaço para eventos que não necessitem de cadeiras. Ainda segundo o secretário, a ideia de reabrir parte do teatro visa ter uma ocupação cultural que estimule uma campanha de arrecadação de recurso. Para conquistar a verba para a primeira fase da reforma, é pretendido buscar parceria do Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC), com até R$ 1 milhão. Outra medida a ser tomada é viabilizar a reforma através do Orçamento 2017 da cidade.

O vereador Luiz Zacarias (PTB) apresentou, na sessão da última quinta-feira (9) da Câmara de Santo André, requerimento solicitando informações sobre a situação do prédio. Ele aguarda retorno do Executivo. “Achava que estava tudo encaminhado, que logo as obras começariam. Um patrimônio como o Carlos Gomes… É lamentável ver o local nessa situação. Queremos ter informações sobre prazos e empresas contatadas”, disse o parlamentar.

O teatro sofreu risco de desabamento por conta de obras realizadas na gestão do ex-prefeito Aidan Ravin (PSB). A reforma teve muita polêmica, pois foi iniciada sem a devida autorização do Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André).

(Com colaboração de Tiago Oliveira)

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