Editorial: A crise não é para todos

Congresso Nacional
Congresso Nacional aprovou projeto de reajuste salarial (Foto: Web)

Não poderia ocorrer em pior momento a decisão do Congresso Nacional de aprovar projeto que reajusta salários do funcionalismo federal. O impacto nas contas públicas, já esgarçadas por uma gestão fiscal desastrosa, não será pequeno: R$ 58 bilhões até 2019.

Para o seleto grupo beneficiado com o reajuste, a crise econômica não existe. Basta perguntar, por exemplo, para os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), que passarão a receber mais de R$ 39 mil por mês – muito mais do que a maioria esmagadora dos brasileiros ganha em um ano.

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E não para por aí. Fica o alerta aos contribuintes de que a farra pode estar apenas no começo. É apenas questão de tempo para que os deputados federais e senadores equiparem os próprios vencimentos aos salários do Supremo, gerando um efeito cascata. Deputados estaduais e posteriormente vereadores passarão a ter o direito de também reivindicar aumento.

A bancada do ABC na Assembleia Legislativa e cada vereador da região precisam desde já marcar posição e se colocar contra possíveis aumentos nos próprios salários. A decisão do Congresso pode servir de inspiração negativa para parte da vereança regional que considera que os próprios salários estão defasados.

O momento de aperto financeiro do Estado e dos municípios, definitivamente, não é adequado para aumentar custos. A maioria das cidades está arcando neste ano com reajustes para os servidores que superam 10%, mesmo enfrentando queda de arrecadação. Um possível reajuste no salário dos vereadores impactaria nas contas municipais, mesmo que forma indireta, pois reduziria a possibilidade de os Legislativos devolverem recursos para o Executivo.

Deputados estaduais e vereadores têm a possibilidade de ouro de mostrarem que são responsáveis, ao contrário dos colegas da capital federal. Não se deve repetir na Assembleia e nas câmaras municipais a insanidade promovida em Brasília.

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