Os metalúrgicos do ABC protestaram na manhã desta quarta-feira (1º) contra as ameaças de desemprego à categoria e decidiram paralisar a produção nas fábricas por um dia. O ato contou com a adesão de 11 mil funcionários da Mercedes e da Ford, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Uma das principais reivindicações dos trabalhadores é manutenção do PPE (Plano de Proteção ao Emprego) na Mercedes, que só ia até o fim de maio. Na pauta ainda estão a adoção do programa nacional de renovação de frota, contra a reforma da previdência e pela redução da taxa de juros.
As concentrações começaram por volta das 7h nos portões das respectivas fábricas e, a partir das 7h30, os trabalhadores caminharam pela pista marginal da via Anchieta em direção à Ford. A rodovia já foi liberada para os automóveis.
De acordo com o presidente do sindicato, Rafael Marques, a categoria não vai aceitar o corte de mais de quatro mil empregos que a Mercedes, Ford e Volks querem fazer nos próximos meses. “Temos que evitar que a crise recaia apenas sobre os trabalhadores com as ameaças de um ciclo de demissões”, disse o sindicalista.
Em abril, o presidente da Mercedes no Brasil e na América Latina, Phillipp Schiemer, afirmou que a adesão da empresa ao PPE parece “impossível” de ser renovada, já que o programa teria “perdido a utilidade” pelo problema continuar o mesmo.
Em São Bernardo, a montadora ainda mantem 1.800 trabalhadores em licença remunerada, sem prazo determinado para voltarem ao trabalho, e abriu nesta quarta-feira (1º) mais PDV (Programa de Demissão Voluntária), que fica aberto até 8 de julho.
Segundo a empresa, o plano teve de ser colocado em prática devido à forte queda nas vendas de veículos comerciais registrada nos últimos meses. Os funcionários que aderirem ao programa podem receber até R$ 115 mil de indenização.
Com a medida, é esperado que a montadora reduza o que chama de “excedente” de empregados, estimado em mais de dois mil funcionários. Não há limite na quantidade de funcionários que poderão participar do plano.
A Ford não respondeu aos contatos feitos pela reportagem até a publicação dessa matéria.