As prefeituras do ABC avaliam estratégias para garantir o diagnóstico adequado dos casos de dengue no próximo verão. Os municípios estão preocupados com a possibilidade de não poder contar mais com os serviços do Instituto Adolfo Lutz, ligado ao governo do Estado.
De acordo com informação divulgada pelo Consórcio Intermunicipal nesta segunda-feira (2), o Adolfo Lutz, que era o responsável por fazer os testes para confirmar casos suspeitos de dengue, não realizará mais os exames a partir do próximo período de atividade do mosquito Aedes aegypti.
“Para o ano-dengue 2017 , o Estado de São Paulo baixou uma norma técnica, que já está publicada, que para o ano que vem não serão mais feitos os exames pelo Adolfo Lutz. Vamos começar a programar o ano de 2017 sem o Adolfo Lutz fazer os exames de sorologia para confirmar os casos de dengue”, afirma o secretário de Saúde de Santo André e coordenador do Grupo de Trabalho (GT) Saúde do Consórcio, Homero Nepomuceno Duarte.
O governo do Estado contestou a informação divulgada pelo Consórcio, classificada pela Secretaria Estadual da Saúde como “completamente descabida e sem fundamento” (leia a nota na íntegra no final da reportagem).
Em março, a secretaria restringiu o número de exames de dengue “devido à contingência de kits para diagnóstico da doença, decorrente das falhas na entrega pelo Ministério da Saúde”. A pasta ressaltou, no entanto, que essas definições “são válidas neste momento” e não necessariamente para o próximo ano.
Alternativas
Caso o Instituto Adolfo Lutz deixe de realizar os testes de diagnóstico de dengue para o próximo verão as prefeituras da região estarão diante de duas alternativas: uma delas é investir verba própria na realização dos exames. Cada teste custaria entre R$ 4 e R$ 6. Cálculos iniciais do GT Saúde do Consórcio, preveem que a quantidade de testes adquiridos precisaria ser equivalente a cerca de 10% do número de habitantes de cada cidade do ABC.
A segunda opção é os municípios desistirem de confirmar os casos suspeitos com testes de dengue e passar a fazer o diagnóstico clínico e epidemiológico. Neste caso, o médico conclui se o paciente tem dengue ou não através de critérios como o número de plaquetas e se a pessoa mora em região com número elevado de casos.
Leia a nota do Governo do Estado na íntegra:
É completamente descabida e sem fundamento a informação divulgada pelo Consórcio Intermunicipal Grande ABC de que uma norma do Governo do Estado de São Paulo suspenderia a realização de sorologia para dengue pelo Instituto Adolfo Lutz, que seria válida também para 2017. O Consórcio tenta confundir a imprensa regional ao resgatar, de forma errônea e distorcida, um assunto que, inclusive, já foi noticiado pelos veículos do Grande ABC nos meses de março e abril.
Em 11 de março, a Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD) do Estado de São Paulo emitiu comunicado para orientar os municípios paulistas em relação aos exames sorologia para dengue realizados pelo Instituto Adolfo Lutz. A medida foi necessária devido à contingência de kits para diagnóstico da doença, decorrente das falhas na entrega pelo Ministério da Saúde.
Para o uso racional do material disponível, a CCD definiu critérios para realização dos exames, com base no cenário epidemiológico. Para verificação do cenário atual de transmissão da doença, serão avaliadas amostras mais recentes, e as coletas de novas amostras deverão ser feitas para casos suspeitos de municípios sem registros de casos autóctones, e para casos graves e óbitos em demais municípios. Essas definições são válidas neste momento e é improcedente o “período de vigência” estabelecido pelo Consórcio. A disseminação dessas informações errôneas é um desserviço à população e à imprensa local.
Neste ano, o Governo Federal enviou apenas 220 kits a SP, o que representa apenas 7% do total de 3 mil kits solicitados desde outubro de 2015 ao Ministério, responsável pela compra e distribuição desses materiais para todo o Brasil.
O Instituto segue empenhado em atender integralmente a demanda dos municípios paulistas; para tanto, é necessário que o Ministério da Saúde forneça o quantitativo de kits solicitado.