Com a crise financeira no País, boa parte dos comerciantes que oferecem serviços de reforma e restauração pensou que lucraria. Mas o fato não aconteceu. Sapateiros, costureiros, mecânicos, ninguém escapou do cenário atual da econômica brasileira. Todos tiveram queda severa no número de clientes, em alguns casos de até 70%. Além da baixa procura os proprietários de estabelecimentos reclamam do aumento dos gastos, que levaram ao encarecimento do serviço.
Dono de uma oficina mecânica na região central de Santo André, Wladimir Barbosa de Castro, 51 anos, relata que com a crise no setor automobilístico, o número de clientes caiu 70% no último ano. “Muitas empresas demitiram funcionários e, com isso, diminuiu a procura para o serviço de mecânica. Eles vão usando os seus carros da maneira que dá e só arrumam quando não tem jeito”, conta o mecânico.
Castro diz que a queda no setor de autopeças também prejudicou os negócios, pois além de demitirem aumentaram o preço das peças. “Eles estão vendendo apenas as peças que estão em estoque”, diz afirma. Para aumentar o número de clientes Castro passou a trabalhar também com motores de barcos.
Edna Fabiano, 60 anos, dona de uma oficina de costura em Santo André, também sofre com a falta de clientes, mesmo em um momento em que se compram menos roupas novas e as mais antigas são preservadas. “O pessoal até tira aquela roupa mais velha do baú, pois não dá para comprar roupas novas, mas não estão procurando tanto assim as costureiras”, explica.
A costureira estima que teve uma queda de 10% no número de clientes e também sofre com os aumentos nas contas de luz e água, além do aluguel do local. Além disso, também tem de conviver com a preocupação das funcionárias Maria José Gomes Moreira e Marlene da Silva. “Nós apertamos aqui, ajustamos ali e vamos pagando. Quando não tem jeito fica em casa.
Elas são aposentadas também, então vamos conversando sobre o assunto. Esta semana mesmo, vamos trabalhar até quarta-feira (20) e depois ficaremos o resto da semana em casa. Até temos outros serviços para fazer, mas temos tempo de fazer isso na próxima semana”, diz.
Nem mesmo as sapatarias escapam da retração. “Tem clientes que até deixam o seu par de sapatos aqui, mas não voltam para pegar. Está difícil para todo mundo”, resume Valdir Luiz, 65 anos. Luiz trabalhou como comerciante há cinco décadas e há 13 anos possui a sapataria no Centro de Santo André, onde afirma que convive com o aumento das contas de luz, água e aluguel.