No primeiro trimestre deste ano, a região registrou quatro mortes em decorrência da gripe H1N1. São 24 casos confirmados neste mesmo período e outros 42 suspeitos. Os números são referentes a dados enviados por cinco cidades: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá e Ribeirão Pires. Diadema e Rio Grande da Serra não passaram as informações até o fechamento da edição.
Das quatro mortes, duas ocorreram em Santo André, que tem três casos confirmados e 15 suspeitos. As vítimas eram do sexo masculino, estavam internadas na rede pública e tinham 64 e 51 anos. São Bernardo tem 14 casos confirmados – um resultou em morte – e 33 suspeitos. Mauá registra até o momento quatro casos e uma morte. São Caetano tem três confirmações e outros três em análise e Ribeirão Pires, até o momento, conta com seis suspeitas, três internados na rede pública e três na rede privada.
Por conta disso, a procura nas clínicas e laboratórios da região fez a vacina contra a gripe desaparecer. O Lab Hormon, que tem foco na área de análises clínicas, possui cerca de 1,2 mil nomes na fila de espera. O laboratório já registrou aumento de 50% na procura de vacinas contra gripe em relação ao ano passado.
Por mês, normalmente são feitas 500 aplicações, mas terça-feira (29) o laboratório recebeu 300 doses que acabaram no mesmo dia. “O telefone não para de tocar, quando a gente chega para abrir a porta já tem gente esperando, se soubéssemos que haveria tanta procura teríamos nos planejado melhor porque vacinação exige orientação ao paciente”, lamenta a biomédica Louise Fabri. A vacina custava R$ 88 no Lab Hormon, mas segundo Louise, os laboratórios avisaram que a próxima leva vem com uns 12% de aumento.
Na Pró Saúde, em São Bernardo, a lista de espera conta com mais de 800 nomes. “Tem gente que quer até pagar adiantado para garantir a vacina”, afirma o pediatra Carlos Alberto Martins Francisco, diretor técnico, que espera receber 600 doses da tetravalente em 15 dias dos dois laboratórios. Nesta quinta-feira (31), a clínica havia recebido até as 17h mais de 300 ligações telefônicas de pessoas interessadas na vacina contra o vírus H1N1. “Congestionaram nossos telefones, o pior é não poder atender”, comenta o médico.
Senhas
Na rede Delboni Auriemo de Medicina Diagnóstica, as vacinas tetravalentes ainda nem chegaram. Os consultórios aguardam recebimento de lote com 50 mil doses e, enquanto isso, a população precisa encarar filas enormes. “Em muitos dos nossos consultórios nós precisamos até distribuir senhas”, afirma a infectologista Lígia Pierrotti, responsável por todas as unidades do laboratório.
Segundo a infectologista, a procura por imunizações está tão grande que pacientes com resistência maior não recebem as aplicações. “Nós priorizamos as faixas etárias mais vulneráveis, como idosos, crianças abaixo de nove anos e gestantes”, diz. A estimativa é que cada dose da vacina sairá por R$ 120.
O otorrinolaringologista Mario Luis Buschinelli Dellavanzi, da Clínica Médica Ana Rosa, aponta uma mudança de cultura nas pessoas. O médico cita o caso de duas mães que levaram os filhos para consulta porque um amigo de sala de aula foi diagnosticado com H1N1. “Elas queriam saber como proceder. Meu conselho é aplicar a vacina”, diz. Segundo Dellavanzi, casos assim se tornaram comuns e há aqueles que solicitam carta para ser enviada ao Sistema Único de Saúde (SUS), indicando que, apesar de estarem fora da faixa estária, pertencem ao grupo de risco que precisa da vacina. (Com informações de Caíque Alencar)
Estado antecipa vacinação
A Secretaria de Saúde do Estado do Estado São Paulo decidiu antecipar a vacinação contra gripe deste ano para cerca de 3,5 milhões de paulistas. As doses vão proteger a população contra os vírus do inverno de 2016 (A/California (H1N1), A/Hong Kong (H3N2) e B/Brisbane).
Inicialmente receberão a vacina 532,4 mil profissionais de saúde de hospitais públicos e privados da capital e região metropolitana, incluindo o ABC. Até 8 de abril, todos os hospitais desses municípios receberão as doses para a realização de campanhas internas.
Já a partir do dia 11 de abril, a vacinação será ampliada para as crianças maiores de seis meses e menores de cinco anos, gestantes e aos idosos da mesma região alvo, um total de quase 3 milhões de pessoas a serem imunizadas.
Para as demais cidades do estado e outros demais públicos-alvo (doentes crônicos, puérperas, indígenas, funcionários dos sistemas prisional e a população privada de liberdade), a campanha de vacinação contra a gripe deve seguir o calendário do Ministério da Saúde, com início previsto para 30 de abril.
42 óbitos
Neste ano, até 22 de março, foram notificados 324 casos e 42 óbitos pela gripe, caracterizada Síndrome Respiratória Aguda Grave SRAG no Estado, atribuíveis ao vírus Influenza. Do total, 260 casos e 38 óbitos foram relacionados ao vírus A (H1N1). Em 2015, foram 342 casos de SRAG notificados no Estado, sendo 190 do tipo A (H3N2). Do total de 65 óbitos registrados em 2015, 28 tiveram também relação com o A (H3N2).