O Sindicato dos Trabalhadores Borracheiros da Grande São Paulo e Região (Sintrabor) conseguiu adiar a demissão de 82 trabalhadores da Labortex, em Santo André. A negociação entre o vice-presidente da entidade, Terezinho Martins da Rocha, e representantes da empresa ocorreu na quarta-feira (30), logo depois de uma pequena manisfestação na porta da fábrica realizada por pessoas que não pertenceriam ao sindicato, segundo o sindicalista.
De acordo com Rocha, a Labortex contava com 380 funcionários e a intenção da empresa era demitir 150. Durante o mês de março a companhia começou a dispensar pequenos grupos e pegou o sindicato de surpresa ao mandar embora 40 trabalhadores de uma única vez na quarta-feira.
“A intenção de realizar demissões em massa deve ser notificada para que possamos negociar soluções. Não foi o que aconteceu. Esses 82 empregados salvos do desemprego ficarão na empresa em abril, durante as negociações salariais. Se não houver melhora do quadro econômico, discutiremos a possibilidade de layoff, banco de horas, férias coletivas, programa de demissão voluntária, o que for preciso”, afirma Rocha.
Manifestação
O curioso é que a manifestação realizada no início da tarde na frente da Labortex não foi organizada pelo Sintrabor. O pequeno grupo era formado por estudantes e representantes de outras entidades como Maíra Machado, que se identificou como diretora do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, e Edison Urbano, delegado sindical de base da Caixa Econômica Federal.
“Não sabemos quem acionou eles para fazer o protesto. Eu estava em uma outra empresa, na zona leste de São Paulo, quando recebi um telefonema com a informação de que houve as demissões e de que um grupo fazia barulho em frente à fábrica”, conta.
No dia do protesto, a informação era de que a Labortex havia sido adquirida por um grupo chinês e as demissões faziam parte de um ajuste exigido pelos novos proprietários. O vice-presidente do sindicato desmente a informação. Segundo ele, o que ocorreu é que a Labortex era a única autopeça nacional que forneceria itens para atender a um novo carro mundial da montadora, cuja montagem seria feita por uma empresa chinesa.“Ocorre que a General Motors abortou investimentos. Os 150 funcionários foram contratados para essa demanda e agora a Labortex tem dificuldades para mantê-los, já que não fornecerá mais para o novo projeto”, diz.
Sindicato corre contra o tempo para evitar dispensas na GM
Fracassou a reunião entre representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano e da General Motors, realizada na tarde desta quinta-feira (31), para estender o layoff de 1.200 trabalhadores, cujo término está previsto para o próximo dia 7 de abril. Segundo o presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, a montadora não apresentou uma contraproposta e insiste em retirar a cláusula 42 da Convenção Coletiva de Trabalho, referente à estabilidade no emprego em caso de acidentes de trabalho e de doenças ocupacionais, além de querer reduzir o percentual do adicional noturno de 30% para 20%.
De acordo com o dirigente sindical uma nova reunião está agendada para esta sexta-feira (1° de abril), às 11h30. A expectativa é de que a conversação avance e que um acordo possa ser fechado até, pelo menos, na próxima terça-feira. Caso isso não ocorra, a demissões são dadas como certa.
“Eles (a GM) estão bem exigentes. A sensação é de que a empresa coloca essas exigências já com a intenção de não fechar acordo e, assim, dispensar os trabalhadores. Mas se houver demissões, vamos ter de parar a fábrica”, afirmou Cidão.
Outra razão para a reunião não ter dado certo seria o fato de a empresa não ter apresentado dados para discutir as negociações salariais, que já estão encaminhadas. A proposta é pagar o valor integral do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) correspondente à inflação do período de acordo com a data-base da categoria em forma de abono – metade no dia 20 de abril e a outra metade no dia 12 de agosto.
No próximo ano, 70% da inflação serão reajustados nos salários e os 30% restantes serão pagos em forma de abono no dia 20 de abril de 2017. A empresa se propõe ainda a efetuar o pagamento da primeira parcela da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) no dia 10 de junho, além de compensar o banco de horas trabalhando dois sábados por mês assim que o mercado apresentar aquecimento na venda de veículos fabricados pela montadora.