Depois de um boom de vendas, o mercado imobiliário passa por um momento bastante difícil com a forte queda nas vendas. Mas, pior do que vender pouco, é viver momento em que a distorção de preços causada pela alta demanda do passado resulte em conflitos judiciais entre construtoras, bancos e mutuários.
A empolgação não permitia enxergar, mas é claro que em um determinado momento a bolha, ou algo próximo disso, fosse estourar. De repente, os preços dobraram e em alguns bairros chegaram a triplicar. Construções minúsculas, semelhantes àquelas feitas pelo CDHU para população de baixa renda, passaram a ser vendidas com preços de imóvel de classe média e o que era destinado à classe média transformou-se em habitação de luxo.
Todos se esbaldaram enquanto foi possível. Construtoras e bancos que ganharam muito e os novos proprietários que, apoiados por linhas de crédito facilitadas, acreditavam possuir produto de real e alto valor. Ledo engano. O alto preço praticado pelo mercado imobiliário era tão sustentável quanto a frágil economia brasileira.
É compreensível que o mutuário não queira pagar mais por algo que, se descobriu, vale menos. Mas também dá para compreender as preocupações das empresas com o crescente número de ações na Justiça em busca do distrato. Na marra, o mercado voltou à realidade. Agora, é necessário discutir novas normas que ajudem a regular e superar esses conflitos.