Com apenas 56% da capacidade instalada em operação no mês de janeiro – em dezembro estava em 52% –, a indústria do ABC se mostra mais pessimista com o futuro da economia brasileira do que o restante do Estado e do País. A informação consta do primeiro boletim IndustriABC divulgado nesta quarta-feira (9) pela Universidade Metodista. Os relatórios de Sondagem Industrial (SI) e de Índice de Confiança (ICEI), que antes eram produzidos nas esferas estadual e nacional, passaram a ter um recorte sobre a região. A elaboração se dá em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
A avaliação se baseia em pontos que vão de 0 a 100. Quanto mais perto de 0 maior é o pessimismo e quanto mais próximo de 100, maior o otimismo. Para elaborar a pesquisa foram enviados questionários para 70 empresas (todas do setor industrial), das áreas automotiva, autopeças, química, petroquímica, plásticos, entre outras. A ideia é que os dados sejam atualizados e divulgados a cada três meses.
O Índice de Confiança (ICEI) de janeiro deste ano no ABC é de 26,8 pontos. No Brasil está em 36,5 pontos, na região Sudeste em 33 pontos e no Estado de São Paulo em 32. Na avaliação do coordenador da pesquisa e professor de Economia da Metodista, Sandro Maskio, esse pessimismo maior dos empresários locais decorre do próprio tipo de empreendimento a que a cadeia produtiva está ligada.
“A cadeia automotiva é a mais importante da região e a que mais tem sofrido com a crise. Quando se fala em Brasil, há setores da indústria que vão bem e isso muda a percepção de futuro. No ABC, desde 2014 as empresas penam por causa da queda na demanda intena e também por conta da política restritiva do governo argentino, na época, que prejudicou as exportações de veículos e autopeças”, explica.
Por conta da baixa demanda interna, o que levou à redução da produção e demissão de trabalhadores para regularizar os estoques, a intenção do empresário local de investir nos próximos seis meses é baixa, de 34,4 pontos. Em dezembro, a pontuação estava em 44,9 pontos e em janeiro de 2015 em 52 pontos. Em todo o Brasil a intenção de investimento em janeiro era de 39,8 pontos.
Também aparecem com viés de pessimismo as expectativas com relação à evolução da demanda (38,6 pontos) que, no entanto, está um pouco melhor que em dezembro de 2015 (35,7); evolução do número de empregados que era de 37,8 em dezembro e em janeiro subiu para 39,8; e evolução das compras de matéria-prima 41,7 pontos em janeiro ante 40 em dezembro/2015.
No meio de tanto pessimismo, a expectativa positiva de aumentar as exportações se destaca. Por conta da valorização do dólar em relação ao real e também por conta da mudança no política econômica da Argentina, cujo novo presidente, Mauricio Macri, almeja eliminar as barreiras comerciais sobre os produtos brasileiros, o levantamento mostra que as perspectivas do ABC estavam em 54,8 pontos em janeiro, praticamente um ponto percentual abaixo de dezembro (55,9), mas ainda com viés otimista.