Produção industrial opera 19,2% abaixo do pico de junho de 2013, diz IBGE

A indústria brasileira está operando 19,2% abaixo do pico de produção registrado em junho de 2013, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“A característica ao longo de todo ano passado no total da indústria foi buscar uma redução da produção para adequação dos estoques existentes. Você tem uma redução na produção, e também não tem demanda que sustente ou normalize (os estoques) de uma forma mais rápida”, lembrou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.

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Em relação a janeiro de 2015, a indústria teve em janeiro deste ano a 23ª taxa negativa consecutiva. O recuo de 13,8% foi o mais intenso desde abril de 2009, quando a perda chegou a 14,1%. No acumulado nos últimos doze meses, a retração de -9,0% foi a mais profunda desde novembro de 2009, quando a perda era de 9,4%.

“Daqui para frente vamos ter que aguardar e observar mês a mês (qual será o comportamento da produção), até porque todos aqueles fatores (negativos) que a gente vem citando permanecem na nossa análise: permanecem as incertezas para as famílias, aumento da taxa de desemprego, salário real menor, nível de preços em patamar mais elevado, crédito mais caro e restrito”, enumerou Macedo.

Veículos

Segundo o IBGE, a produção de veículos automotores despencou 31,3% em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. “Em veículos automotores, o sinal é amplamente negativo, porque todas as características que marcaram esse setor industrial em 2015 permanecem em 2016, como as reduções de turno de trabalho, as menores jornadas de trabalhadores, as férias coletivas”, lembrou André Macedo. “Essa atividade tem aproximadamente 92% dos produtos com queda na produção, sendo os principais impactos os automóveis, caminhões, autopeças e carrocerias”, completou.

Na comparação com janeiro de 2015, a produção industrial recuou 13,8%, com perfil disseminado de resultados negativos. Houve perdas nas quatro grandes categorias econômicas e em 23 dos 26 ramos pesquisados.

As indústrias extrativas recuaram 16,8% e exerceram, junto com os veículos, os principais impactos negativos sobre o total da indústria. O rompimento de uma barragem da Samarco em Mariana, Minas Gerais, em novembro do ano passado ainda prejudica o desempenho do setor, mas paralisações de plataformas de petróleo para manutenção também contribuíram para o resultado negativo do mês.

Outras contribuições negativas relevantes foram de máquinas e equipamentos (-25,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-38,8%), metalurgia (-15,3%), produtos alimentícios (-5,8%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-23,0%), produtos de minerais não-metálicos (-14,9%), produtos de borracha e de material plástico (-14,4%), produtos de metal (-16,1%), bebidas (-11,2%), outros equipamentos de transporte (-25,3%), outros produtos químicos (-6,4%), impressão e reprodução de gravações (-29,4%) e produtos têxteis (-20,2%).

Houve influência do efeito calendário: janeiro de 2016 teve 20 dias úteis, contra 21 dias úteis registrados em janeiro de 2015. Mas a magnitude das perdas reforça que as quedas são mesmo consequência da crise prolongada no setor.

Na direção oposta, houve avanço em janeiro ante janeiro de 2015 nos produtos do fumo (21,5%) e celulose, papel e produtos de papel (1,0%). No caso de fumo, houve retomada da produção de uma unidade de cigarros que esteve parada para manutenção em janeiro do ano passado. Já o setor de celulose foi beneficiado pelo avanço nas exportações.

Derivados de petróleo

A produção de derivados do petróleo e biocombustíveis ajudou a impulsionar a alta de 0,4% na indústria nacional na passagem de dezembro de 2015 para janeiro de 2016. O setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis avançou 2,8%, na segunda taxa positiva consecutiva, período em que acumulou expansão de 6,6%. O bom desempenho dos últimos meses eliminou parte da redução de 8,0% acumulada entre outubro e novembro de 2015.

“Para esse mês de janeiro tem algo diferente, que é o predomínio de taxas positivas (em relação ao mês anterior). Nas demais comparações, entretanto, permanece o quadro que vínhamos observando, o predomínio de taxas negativas, e uma queda com magnitude importante, de dois dígitos”, apontou Macedo.

Em relação a janeiro de 2015, a indústria encolheu 13,8%. Mas, na comparação com dezembro, a produção mostrou taxas positivas em três das quatro grandes categorias econômicas e em 15 dos 24 ramos pesquisados.

Além do setor de derivados do petróleo, outras contribuições positivas importantes sobre o total da indústria foram de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (6,1%), bebidas (3,8%), máquinas e equipamentos (3,1%), produtos do fumo (24,5%), produtos têxteis (7,1%), perfumaria, sabões, produtos de limpeza e higiene pessoal (1,4%), produtos de metal (2,7%) e móveis (7,8%).

Na direção oposta, a retração mais importante no mês foi assinalada pelas indústrias extrativas, que recuaram 2,7%, o quarto resultado negativo consecutivo. “A redução da extração do minério permanece foi por conta do ocorrido na região de Mariana (MG) no fim do ano passado, e houve em janeiro paralisações programadas para manutenção em plataformas de petróleo. Em quatro meses, o setor extrativo acumula uma perda 15,2%”, ressaltou Macedo.

Outros impactos negativos importantes foram observados nos produtos alimentícios (-0,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-1,0%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-3,6%).

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