O secretário de Desenvolvimento Econômico de Diadema, Jorge Bialli, afirma que é preciso que os empreendedores estabelecidos na cidade se conheçam melhor para que possam trabalhar para fechar negócios entre eles antes de buscarem alternativas fora do município ou da região. Para que isso seja possível Bialli estuda implantar uma espécie de turismo industrial que contribua com as demandas comerciais e também com aquelas relacionadas com formação de mão de obra.
Bialli comentou que ao participar, recentemente, de uma reunião com empresários na diretoria local do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), teve a oportunidade de observar o diálogo de dois empresários do município surpresos porque um deles produzia um tipo de embalagem que o outro comprava constantemente.
“Curiosamente, um desses empresários comprava embalagens de um fabricante de Minas Gerais porque não sabia que aquele tipo de produto era fabricado por uma empresa de Diadema. Precisamos fazer um intercâmbio entre os empreendedores da cidade, de todos os setores, para que eles procurem seus suprimentos por aqui antes de buscarem alternativas em outras regiões”, explicou.
Esse intercâmbio ocorreria na forma de visitas, em grupo, pré-agendadas para que não só os produtos, mas as instalações, a produção em si possam ser apreciadas pelos fornecedores ou compradores em potencial. No que diz respeito à mão de obra, a ideia é formar grupos de estudantes carentes que frequentem o ensino médio para visitarem essas mesmas empresas e, dessa forma, tenham contato com o ambiente produtivo. Será um trabalho de cunho econômico e de inclusão social.
“Nosso turismo industrial será um pouco diferente daquilo que é implantado em outras cidades. Vamos começar com jovens carentes, em fase de estudos no nível médio, para que eles conheçam a indústria e saibam como é trabalhar, compreendam a rotina. Assim, o jovem conhecerá uma alternativa que não seja a da criminalidade. Logo em seguida, começariam as visitas entre empreendedores. Conversei com alguns empresários sobre essa ideia e todos foram favoráveis”.
O turismo industrial nos moldes descritos por Jorge Bialli não será a única forma de intercâmbio entre empresas instaladas em Diadema. O secretário reforça que o Cadastro Geral das Indústrias, que está em processo final de elaboração também tem essa finalidade, pois se trata de um registro detalhado do parque fabril que também facilitará a busca por produtos e serviços.
Além do cadastro do setor industrial, Bialli planeja a produção de um outro, voltado ao comércio e serviço. “Mas esse é um projeto para a próxma gestão, caso o prefeito Lauro Michels seja reeleito e eu seja mantido na Secretaria”, disse, enquanto mostrava uma outra publicação, a Cartilha do Empreendor, criada durante sua gestão e voltada para quem deseja abrir micro, pequena ou média empresa.
Diversificação
Bialli frisa também a necessidade de diversificação do parque fabril da cidade. Na visão dele, tanto Diadema quanto as demais cidades do ABC devem trabalhar para reduzir a dependendência do setor de autopeças. Como exemplo, o secretário de Desenvolvimento Econômico destaca a realização da segunda edição da Feira D’Beleza, no ano passado, cuja finalidade é fortalecer a cadeia de cosméticos, que reúne cerca de 80 empreendimentos e representa 6% da arrecadação de Diadema.
Em 2015, a feira foi realizada no Centro de Eventos Okinawa, mas neste ano será transferida para o Shopping Praça da Moça. “Achamos que o Shopping tem mais apelo e também favorece pela localização e facilidade de estacionamento. Essa mudança de lugar é também para fazer uma experiência para que os outros anos a gente tenha um termômetro sobre o melhor local. Vamos sentir pela quantidade de público”.
“O setor de cosméticos é formado por cerca de 90 empresas e representa 6% da arrecadação do município. A Feira D’Beleza tem a finalidade de divulgar o setor. Neste ano, pretendemos fazer a terceira edição no Shopping Praça da Moça por causa da facilidade para estacionar e também por ficar numa área central de mais fácil acesso em comparação com o Centro de Eventos Okinawa, que sediou o evento em 2015”.
Embora não tenha terrenos para oferecer a novas empresas que queiram se instalar no País, o secretário acredita que Diadema possa ainda atrair muitos investimentos porque conta com vários galpões disponíveis. “Costumo dizer que se estabelecer em Diadema é fácil porque o galpão já está construído. Isso, somado ao fato de estarmos perto de tudo e com a facilidade logística que o rodoanel porporciona, faz de nossa cidade um ótimo lugar para empreender”.
Essa busca pela diversificação se explica pelos efeitos da crise na Economia da cidade que tem o segmento de autopeças como o motor da cidade. Com a crise nas montadoras, os fornecedores de peças foram diretamente prejudicados o que resultou em queda na arrecadação e demissões. “Fechamos cerca de 8,5 mil postos de trabalho no ano passado e o resultado é que temos cerca de 100,1 mil empregos formais no momento”, disse Bialli citando dados do Boletim do Observatório Econômico e do Trabalho de Diadema, cujos números se referem a outubro de 2015.