Quatro dias após a morte do aposentado Pelegrino Riatto, 77 anos, um dos pacientes que perderam a visão após o mutirão da catarata, em São Bernardo, o vereador Julinho Fuzari (PPS), fez uma denúncia de que o dono do Instituto de Oftalmologia da Baixada Santista, o oftalmologista Elcio Roque Kleinpaul, prestou atendimentos para pacientes que tiveram problemas com a infecção durante as cirurgias no Centro Especializado de Reabilitação (CER), no Jardim Hollywood. Segundo o legislador, o atendimento aconteceu mesmo após o rompimento de contrato entre a empresa e a Prefeitura.
Ao ser questionado sobre a morte de Riatto e sua consequência para a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso, o popular-socialista trouxe a denúncia.. “(O falecimento) É um elemento novo e que somado com os que nós já temos, podemos instaurar a CPI. Também temos o fato que a secretária de saúde (Odete Gialdi) tem que explicar, por que o dono da empresa, ela rompeu contrato com essa empresa, estava dando atendimento na Warner, no Centro de Especialidades (CER) da (rua) Warner. Porque? Ele não tem vínculo nenhum, ele não é funcionário público. O contrato estava rompido, então qual é o motivo para ele está atendendo um paciente dentro do espaço público. Inclusive, nós já temos elementos, se ela não tiver nenhum tipo de contrato com ele, não tiver como explicar isso, nós podemos até entrar com uma questão de improbidade, porque isso não é legal. Vamos entrar com uma ação de improbidade”, afirmou o vereador.
A reportagem do RD entrou em contato com a Prefeitura de São Bernardo questionando sobre a veracidade do fato dito por Fuzari, mas até o fechamento desta matéria não houve resposta por parte do Executivo. O contrato entre a Prefeitura e o Instituto foi rompido logo após a denúncia de que 21 pessoas tiveram problemas com uma infecção após se submeterem a cirurgia de catarata. Até o momento foram constatados 19 casos de cegueira, sendo que 12 pessoas perderam o globo ocular.
Segundo nota emitida pela Prefeitura na última terça-feira (23), Pelegrino Riatto foi encaminhado ao Hospital de Clínicas de São Paulo no dia 3 de fevereiro para tratamento da infecção ocular. “Já de alta deste procedimento teve complicações relacionadas a doenças já existentes”.
CPI
Em relação ao pedido para a instauração da CPI, Fuzari buscará apoio na população através da divulgação dos nomes daqueles que já apoiam a proposta. “A partir de hoje vou colocar os nomes dos vereadores que estão apoiando a CPI e aqueles que não. Nós temos que tornar público isso. E tem que haver um apelo popular, a população tem que começar cobrar os parlamentares e eles tem que se posicionar”. Até o momento dez vereadores assinaram o pedido de CPI. Seis do PPS, dois do PSDB, além de Antônio Cabrera (PSB) e Fábio Landi (PSD).
Regimentalmente o pedido de CPI precisa de dez assinaturas para entrar como requerimento. Depois precisa de 15 assinaturas para entrar em regime de urgência e assim ser votado no plenário, onde são necessários pelo menos 16 votos favoráveis para que seja instaurada. Julinho Fuzari não descarta entrar na justiça para conseguir que a Comissão seja instaurada.
Comissão de Saúde
Enquanto isso a Comissão de Saúde da Câmara convidará o médico responsável pela cirurgia, Paulo Burição, as famílias dos 21 pacientes e representantes do Instituto de Oftalmologia da Baixada Santista para prestar esclarecimentos sobre o assunto. O ato foi firmado em reunião do grupo presidido por Fábio Landi, na última terça-feira. Mesmo com o convite, o vereador e médico considera que a CPI seria importante por ter um poder maior do que a Comissão.
“Acho importante, pois a CPI é um outro instrumento da Casa. Acho bom que esteja em paralelo, que exista a discussão da Comissão de Saúde junto da CPI, pois a CPI é mais investigativa, e a nossa (Comissão) é mais elucidativa”, comentou Landi.