Por conta do atraso do governo federal em enviar kits para realização de testes de dengue, formou-se na região uma fila de 1,2 mil pessoas que querem confirmar se contraíram ou não a doença. O problema é grave porque dificulta o diagnóstico e o tratamento adequado. Sem contar que os dados estatísticos ficam distorcidos e pouco confiáveis.
Dados distorcidos atrapalham o planejamento das ações de combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença, na medida em que dificulta às equipes focarem o trabalho nas áreas realmente necessitadas. A solução passa a ser expandir o raio de ação e, em certos casos, isso pode significar desperdício de recursos.
Mas tão importante quanto isso é a saúde do cidadão. Todos sabemos que na segunda vez que é contraída, a dengue se torna hemorrágica e pode levar o paciente à morte. Ou seja, diagnóstico rápido e tratamento correto podem ser a linha divisória entre a vida e a morte de uma pessoa.
Outra questão é que com tanta demora para sair o resultado, já que não há kits, o paciente já estará curado (espera-se) quando o material chegar. Aí cabe a pergunta: será que essa pessoa foi tratada de forma correta? Será que não foi receitado remédio contra a dengue, por precaução, quando na realidade os sintomas eram de outra doença?
A falta desses kits pode ser resultado do aumento absurdo de casos, que surpreendeu a todos. Mas só reforça a ideia de que o governo não sabe trabalhar com prevenção tanto que não foi capaz de prever o aumento de ocorrências da doença. E quem paga é a sociedade.