Juros futuros têm queda generalizada em dia de ata do Copom

As taxas de juros negociadas no mercado futuro tiveram queda generalizada nesta quinta-feira, 28, de agenda extensa para o mercado financeiro. A sinalização de que o Banco Central manterá os juros estáveis nos próximos meses foi responsável por mais uma rodada de ajustes nos vencimentos de prazo mais curto, enquanto a melhora do apetite por risco no mercado internacional favoreceu a devolução de prêmios nos vencimentos mais longos.

A divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), logo no início do dia, foi o evento mais significativo para o mercado de juros. No documento, o Banco Central justifica a decisão de manter a taxa Selic inalterada pelos indícios de desinflação global, além dos reflexos remanescentes de elevações de juros recentes no País. O teor da ata foi interpretado pelos analistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, como sinalização de que a Selic continuará nos atuais 14,25% por mais tempo.

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A percepção de que não haverá aperto monetário nos próximos meses deflagrou nova rodada de ajustes na ponta curta da curva de juros, numa adaptação à política monetária sinalizada hoje. Os ajustes começaram na semana passada, quando o Banco Central surpreendeu ao sinalizar que manteria os juros inalterados, abandonando na última hora a postura mais dura que vinha apresentando.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em abril de 2016 chegou ao final do horário regular de negociação na BM&F com taxa de 14,208%, ante 14,240%. O vencimento de janeiro de 2017 projetou 15,45%, ante 15,70% do ajuste anterior. O DI de janeiro de 2018 indicou taxa de 15,16%, ante 15,51% de ontem.

Nos vencimentos mais longos, as taxas também cederam, mas por motivos diferentes. A nova alta dos preços do petróleo continuou a favorecer o apetite por risco em todo o mundo e enfraqueceu o dólar perante as moedas de países emergentes e exportadores de commodities. O mercado cortou prêmios nos vencimentos mais longos, mas nem por isso a curva de juros deixa de demonstrar forte inclinação.

O contrato de DI para liquidação em janeiro de 2021 terminou o dia com taxa de 16,19%, ante 16,44% do ajuste de quarta-feira. O DI para janeiro de 2025, que vem ganhando liquidez, projetou 16,50%, ante 16,74% de ontem. O “spread” entre os DIs de janeiro de 2017 e de 2021 se manteve em torno dos 170 pontos-base, patamar considerado elevado.

O mercado também acompanhou de perto o encontro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, do qual se espera o anúncio de medidas de crédito com o objetivo de reativar a economia. O pacote buscará injetar cerca de R$ 50 bilhões na economia, por meio de empréstimos via bancos públicos e o BNDES. As medidas ainda devem incluir a liberação do uso do FGTS como garantia de empréstimos consignados.

Já foram ouvidos na reunião representantes dos sindicatos e dos empresários. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que o BC continuará agindo para assegurar estabilidade dos mercados e que o hiato do produto deverá reduzir a pressão inflacionária em 2016.

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