Ata muda perspectiva de superávit de 0,70% do PIB em 2016 para 0,50%

O Comitê de Política Monetária (Copom) diminuiu o tamanho do superávit primário que ele usa para desenhar os seus cenários. Na ata da reunião realizada pela diretoria em dezembro do ano passado, a instituição considerava como indicador fiscal o resultado primário estrutural de um superávit primário de 0,70% do Produto Interno Bruto (PIB).

No documento divulgado nesta quinta-feira, 28, o BC revisou esse valor para 0,50% do PIB, porcentual que já havia sido divulgado no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), apresentado no fim de dezembro de 2015.

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A ata trouxe ainda, pela primeira vez, o valor de superávit que a instituição considera nas suas hipóteses de trabalho para 2017. Segundo a instituição, no próximo ano o governo deve fazer uma economia de 1,3% do PIB para pagar os juros da dívida.

Preços administrados

O Banco Central revisou para cima sua projeção para os preços administrados de 2016. Na ata anterior, o Copom previa uma elevação de 5,9% para este ano. Na edição divulgada hoje, no entanto, a nova taxa é de 6,3%.

No RTI de dezembro a taxa também estava em 5,9%. Para o mercado financeiro, segundo o último Boletim Focus, a elevação este ano deve ser de 7,62%. O BC diz contar com uma forte desaceleração desses preços em 2016 para levar a inflação para um intervalo de 4,5% a 6,5%.

Para chegar a essa nova variação para este ano, o BC considerou hipótese de variação de 8,9% nas tarifas de ônibus urbano e de 3,7% nos preços da energia elétrica, mantida a bandeira tarifária em vigor. Conforme adiantado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a ata deixou de trazer projeções detalhadas para a evolução dos preços do gás de cozinha e da gasolina.

Para 2017, a expectativa do Copom apresentada hoje é de uma alta de 5,0% para os preços administrados, mesma variação prevista no RTI de dezembro. Estas previsões ajudaram a formar a base para que o colegiado mantivesse na semana passada a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano, ainda que o placar tenha sido de 6 a 2 – com estes membros votando por uma alta da taxa para 14,75% ao ano já.

IPCA de 2017

O BC informou que sua expectativa para a inflação de 2017 subiu no cenário de referência e segue ligeiramente acima do centro da meta de 4,5%. Já no cenário de mercado, a projeção da autoridade monetária para o ano caiu, mas continua também ligeiramente acima do centro da meta.

No RTI de dezembro, o BC informou que sua previsão para o IPCA de 2017 estava em 4,8% no cenário de referência e em 4,9% no de mercado. Nesse mesmo documento, a autoridade monetária admitiu que a chance de estouro da meta era de 20% no primeiro caso e de 21%, no segundo.

No ano passado, o BC informou que a inflação convergiria para a meta de 4,5% apenas no ano que vem e que seu trabalho para 2016 seria o de colocar o IPCA dentro da banda superior de tolerância da meta (6,50%). Vale lembrar que o teto em 2017 é menor, de 6,00%.

No mercado financeiro, no entanto, essa promessa do Banco Central cada vez tem menos adeptos. No Relatório de Mercado Focus da última Segunda-feira (25) a mediana das previsões para o IPCA de 2017 subiram de 5,40% para 5,65%. Entre as instituições Top 5, a estimativa já ultrapassou a banda superior da meta e agora está em 7,19%.

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