Sem grupo Educação, IPC-S da 2ª leitura do mês seria de 1,16%, diz FGV

A pressão em gastos escolares no Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) na segunda leitura de janeiro, de 3,06%, pode duplicar e fechar 2016 com uma taxa superior à de 10,53% apurada no IPC-S fechado de 2015, avaliou nesta segunda-feira, 18, o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). A maior influência foi registrada em mensalidades do ensino básico e fundamental, cujas taxas ficaram na faixa de 5% e 6%, respectivamente. Já as do ensino superior ficou perto de 4%.

Os números estão além dos registrados na segunda quadrissemana de janeiro de 2015, quando o grupo Educação, Leitura e Recreação ficou em 1,93%, ante IPC-S de 1,28%. No fim do primeiro mês do ano passado, o grupo fechou com inflação de 3,73%, mais que o dobro do IPC-S do período, de 1,51%. “No geral, os gastos com educação na segunda leitura deste mês subiram mais de 5% em 15 dias. Quer dizer que nos próximos 15 dias, tem potencial de subir igual ou acima disso. Temos vistos algumas escolas com reajustes em torno de 14%”, adiantou.

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Ainda que a recessão econômica seja um inibidor para os repasses de aumento de custos, os reajustes acompanham a inflação elevada do ano passado e acontecem pois, de certa, forma, é um tipo de serviço em que o consumidor tentar manter a fidelidade, explicou. “Ensino de curso médio e fundamental é um pouco mais rígido. Já nas faculdades, cujas mensalidades subiram um pouco menos, não há muita fidelidade”, disse.

A alta média de 5% nas mensalidades do ensino médio, fundamental e superior foi responsável por 70% da variação de 3,06% do grupo Educação, Leitura e Recreação – a maior apurada no IPC-S de 1,30% da segunda leitura do mês, ante 0,99% na primeira. Os outros 30% restantes foram decompostos em leitura e recreação, conforme o economista. Se não fosse a variação de 3,06% do grupo, o IPC-S seria de 1,16%, e não de 1,30%, contou.

No segmento de recreação, Braz citou os avanços em salas de espetáculo (de 0,61% para 1,41%), cinema (de 0,60% para 0,90%) e teatro (de 1,13% para 1,39%). “Estão captando um pouco da inflação passada. Parece que o desemprego ainda não bateu fortemente no orçamento das famílias. Ainda tem uma parcela que, mesmo desempregada, ainda está recebendo seguro-desemprego, e isso pode estar dando certo fôlego aos preços”, afirmou.

Sozinho, o grupo Educação, Leitura e Recreação todo foi responsável por 18% da alta de 1,30% do IPC-S do período, de acordo com a FGV. Além dessa classe de despesa, Braz citou Alimentação, cuja variação saiu de 1,92% na primeira leitura do mês para 2,19% na segunda quadrissemana – últimos 30 dias terminados na sexta-feira, 15, – e representou 43% do resultado do IPC-S do período.

O segmento de produtos in natura, especialmente hortaliças e legumes (de 10,53% para 15,45%), foi a que mais pressionou o grupo Alimentação na segunda medição de janeiro, devido ao excesso de chuvas em algumas regiões produtoras do País, de acordo com o economista. Produtos como tomate (25,13%), cebola (24,72%), cenoura (34,02%), batata (6,12%) e alface (3,21%) foram os que mais empurraram o conjunto de preços de alimentos para cima, disse. Ele ainda mencionou o encarecimento de itens alimentícios como feijão preto (3,63%), arroz (1,77%), feijão carioca (9,38%) e carne bovina (1,26%). “Todos com alta acima de 1%. Ou seja, não são só os in natura”, ponderou.

A despeito das fortes pressões no IPC-S da segunda quadrissemana, o economista da FGV considerou que são altas já esperadas, que estão dentro da sazonalidade. Por isso, manteve a expectativa de IPC-S em torno de 1,80% no fim deste mês. “O único que foi fugiu (do fator sazonal) foi o grupo Transportes, por causa dos reajustes em tarifa de ônibus urbano (de 1,30% para 2,86%) em quatro cidades importantes: Rio, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte. Outras também devem promover aumentos, mesmo sendo ano eleitoral. A inflação elevada do ano passado forçou o repasse”, concluiu.

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