Escândalo do apito sacode o futebol amador do ABC

O escândalo do fraudulento esquema de arbitragem para manipular resultados no futebol brasileiro, de repercussão mundial, provocou “respingos” e forte impacto nos presidentes de Ligas do Futebol Amador do ABC. Para os dirigentes, a revelação de fraudes fere a ética do esporte e deixa cicatrizes nas competições regionais porque os clubes e as torcidas também podem cair em descrédito com as futuras escalas de juízes e bandeiras.

Mais do que nunca, a expressão “juiz ladrão” vai ser entoada mais forte nas praças esportivas pelo menos por um bom tempo. Segundo os presidentes de ligas do ABC, que juntas somam cerca de mais de 400 times filiados, é preciso agir com rigor nas apurações dos fatos para que novos casos não se repitam maculando a imagem do futebol.

?Estou estarrecido. Na verdade, temos muitos árbitros fracos no País, mas a fraqueza não é desonestidade. É preciso punir todos os culpados e o Campeonato Brasileiro não pode ser paralisado nem ter virada de mesa para beneficiar clubes apadrinhados da CBF (sem citar nomes dos clubes)”, disse o presidente da liga andreense, Antonio Felipe Alves, o Santista.

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Perplexo

Enquanto isso, o presidente da entidade sãocaetanense, Lázaro de Assis Negreiros, o Lazinho, está perplexo. “As piadinhas já começaram por causa do escândalo que vai dar muito o que falar. Daqui para frente, como parte dos respingos, a desconfiança reinará nos jogos e se o árbitro errar por falha humana, o que é comum, acabará sendo exposto ao ridículo. O futebol faz parte do folclore nacional, e os mafiosos têm que ser banidos. Queremos o esporte limpo e se houver mais gente envolvida, o caso tem de ser apurado com urgência. O futebol não merece pagar esse mico”, disse.

Moralização

Em São Bernardo, o dirigente Saul Lino jamais imaginou que alguém pudesse “fazer malandragem fabricando resultados”. Saul lembra que o futebol varzeano já tem normalmente especulações e provocações folclóricas de “juiz ladrão, gave-teiro”, mas tudo não passa de lenda. “Acho que vou fazer as escalas de árbitros em cima da hora para evitar especulações. Creio que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) deveria paralisar o Brasileirão tomando medidas enérgicas para moralizar de vez o futebol”,afirmou. São Bernardo tem mais de 120 clubes filiados e outros não-filiados, e cerca de 35 campos de futebol. Em Diadema, o presidente da entidade, Jair Rodrigues Fernandes, o Pimenta, diz que a farsa da arbitragem é “ridícula”. Para ele, o futebol chega ao fundo do poço: “Conseguiram dar péssimo exemplo ao futebol e prejudicaram o esporte de raíz, o amador”.

Prejuízo

O presidente da Liga de Mauá, Marco Antonio Quinho Capuano, argumentou que nem sabia que existia este tipo de loteria de jogos e muito menos tinha ouvido falar em manipulação de resultados. “O escândalo só traz prejuízos ao esporte. Futebol não é jogo eletrônico, de azar ou loteria. E agora? Vai ter rebaixamento? O campeonato Brasileiro terá valor legal? Não seria melhor acabar com este Brasileirão contaminado e fazer um novo com turno único? Tudo isso é questionável e lamentável”, afirmou. Os presidentes das ligas de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não foram encontrados para comentar a corrupção do futebol nacional.

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