Corte do Fed e balanços positivos de bancos animam mercados

O corte dos juros americanos e a divulgação do balanço de algumas instituições financeiras devolveram o ânimo aos investidores nesta terça-feira (18), depois do pessimismo de segunda-feira. As bolsas mundiais fecharam o dia em forte alta, as commodities voltaram a se valorizar e o dólar ganhou força ante o euro. A moeda européia, que vinha de recordes consecutivos de alta, terminou o dia com queda 1,05%, cotado em US$ 1,5621.

Em Wall Street, o índice S&P 100, que inclui as maiores companhias dos Estados Unidos, teve a maior valorização no pregão, de 4,24%. Em seguida, ficou o Nasdaq, com alta de 4,19%, e o Dow Jones, 3,51%. O resultado diminuiu o prejuízo das bolsas americanas no ano para 9,77%, 14,24% e 6,57%, respectivamente. Por aqui, o desempenho não foi diferente. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acompanhou Nova York e subiu 3,2%, para 61 932 pontos. Com isso, as perdas de 2008 caíram para 3,06%.

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O bom humor de ontem começou logo no início da manhã, com os balanços de Goldman Sachs e do Lehman Brothers referente ao 1º trimestre fiscal do ano, terminado em 29 de fevereiro. Apesar da queda superior a 50% nos lucros das duas instituições, o mercado reagiu bem. Os analistas esperavam um resultado muito pior que o apresentado, destacou o economista da Modal Asset, Alexandre Póvoa.

A decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) foi divulgada no meio da tarde e, embora tenha contrariado uma grande massa de analistas que apostava no corte de 1 ponto porcentual nos juros, animou ainda mais os investidores. A autoridade monetária reduziu em 0,75 ponto porcentual os juros, para 2,25% ao ano, no sexto corte consecutivo, desde setembro do ano passado. Com isso, a taxa de juro real (descontada inflação) ficou negativa.

Além disso, promoveu corte de 0,75 ponto na taxa de redesconto, que havia sido reduzida em 0,5 ponto no domingo. Ao diminuir esta taxa, o BC americano barateou ainda mais sua linha de financiamento aos bancos, que passam por momentos ainda mais delicados depois da queda do Bear Stearns. Segundo alguns analistas, foi isso o que mais agradou ao mercado, já que a decisão do Fed foi ao “cerne dos problemas”.

“O Fomc mostrou explícita preocupação com a crise que assola o mercado financeiro e com os seus efeitos constritivos sobre o crédito agregado e o mercado imobiliário residencial, ressaltando o aumento da influência dessas variáveis sobre o crescimento econômico ao longo dos próximos trimestres”, afirmou o economista do Banif Investment Bank, Marco Maciel, destacando que isso pode significar novos cortes.

Ao mesmo tempo, o Fed também demonstrou desconforto com os índices de inflação. Exemplo disso, foi a votação de dois dirigentes a favor de reduções menores que 0,75 ponto. Ou seja, isso também pode ser uma indicação de a autoridade monetária está disposta a esperar para verificar os efeitos dos últimos cortes na economia.

O problema é que todo o estímulo dado pelo Fed não deve aparecer de uma hora para outra na atividade econômica. A expectativa é que os efeitos apenas comecem a dar algum sinal no segundo semestre, mas especificamente no terceiro trimestre do ano, destaca o economista da corretora López León, Flávio Serrano. Segundo ele, no curto prazo, os números continuarão fracos e ditando o humor do mercado financeiro.(AE)

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