Ipea quer criar curso econômico desenvolvimentista

As mudanças na cúpula do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estão empolgando uma velha geração de economistas desenvolvimentistas, que já sonha em retomar a hegemonia que possuía nas universidades até a década de 80. Como parte dessa estratégia, o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, realizou hoje um seminário em Brasília com professores de economia e anunciou o plano de organizar um curso de pós-graduação da própria instituição, reunindo os principais expoentes do pensamento desenvolvimentista do Brasil.

“Estamos há duas décadas contaminados pela lógica do curto prazo, sem que esse tema do desenvolvimento esteja na pauta”, afirmou Pochmann. Segundo ele, os problemas concretos que o governo está enfrentando na implementação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) refletem a falta e perda de profissionais “com visão de longo prazo”. Atualmente, os cursos de mestrado e doutorado em Economia, com exceção da Unicamp e UFRJ, são dominados por intelectuais ortodoxos – ou neoliberais na linguagem que acabou popularizada.

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Pochmann disse que está discutindo a idéia de um novo centro de pós-graduação com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), instituição do governo federal que financia bolsas de pesquisa no País e no exterior. O objetivo é criar um centro de formação de pensadores desenvolvimentistas ao estilo do que foi no passado a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), na qual Celso Furtado e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso atuaram.

Prêmio

A proposta de um novo imposto sobre o patrimônio dos ricos para financiar a educação de jovens de classe baixa venceu o concurso deste ano promovido pelo Ipea em parceria com a Caixa Econômica Federal para avaliar monografias relacionadas à redução das desigualdades no Brasil. O autor da monografia é o economista paulista Sergio Luiz de Moraes Pinto. Embora outras duas monografias também tenham sido vencedoras em outras categorias, a proposta de Moraes Pinto mereceu destaque no material de divulgação do Ipea.

A sua monografia prevê que toda criança brasileira receba, em uma conta investimento, depósitos anuais de R$ 790, do nascimento até completar 18 anos. O saque do dinheiro no futuro fica condicionado à conclusão do ensino médio e a ficha limpa na polícia. É na forma de custear o programa que Moraes Pinto propõe a tributação do patrimônio dos 5% mais ricos do Brasil, com uma alíquota de até 1%.

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