S&P: grau de investimento pode levar de um a três anos

A presidente da Standard & Poors no Brasil, Regina Nunes, disse hoje que o Brasil pode chegar à classificação de grau de investimento “de um a três anos”, mas que a agência de classificação de risco também não sabe quando isso acontecerá porque depende de progressos no País.

“Todo mundo quer uma data. Se a gente soubesse, publicaria”, disse Regina. “Pode ser de um a três anos. Ir mais rápido depende do Brasil – da política fiscal e monetária e, principalmente, de desburocratizar a economia”, afirmou a analista em entrevista após evento promovido pela S&P sobre o setor de seguros no Brasil.

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Ela e a diretora de ratings soberanos da S&P e analista para o Brasil, Lisa Schineller, destacaram a dívida pública em relação ao PIB como um indicador ainda fraco no Brasil, mas observaram também que muitos indicadores melhoraram nos últimos anos, inclusive este. “Desde 2002, tivemos sete melhoras de notas do Brasil e parte disso reflete a melhor composição da dívida”, disse Lisa Schineller.

Juros

Lisa Schineller fez uma defesa da política monetária do Banco Central do Brasil em entrevista hoje após evento do setor de seguros. Para a analista, é importante para a credibilidade do País que a inflação varie dentro da banda que é a meta de inflação para cima e para baixo do centro. “Não se pode ter sempre a inflação acima. Às vezes, tem que ter abaixo”, disse.

Lisa comentou que “a taxa de juros no Brasil é alta se comparada com a de outros países, mas são menores do que antes, estão caindo e achamos que vão continuar caindo”. De acordo com ela, “é muito importante enfatizar que o nível das taxas de juros maior reflete não só a política monetária, mas o risco do Brasil e seu passado muito volátil”. Ela lembrou que há poucos anos a inflação estava em 8% “e agora está em 3% – fantástico!”.

Ela afirmou que, com a economia brasileira ficando mais estável, as metas de inflação vão se aproximar mais das de outros países no mundo. Observou que se o Brasil quiser ter uma meta mais baixa precisa pensar também no ritmo da política monetária para chegar lá.

Lisa comentou também que “os países investment grade (grau de investimento), em geral, têm bancos centrais independentes formalmente”. Se a independência operacional que a S&P reconhece que o BC do Brasil tem na prática fosse formalizada, “isso poderia ter impacto na taxa de juros”, disse. De acordo com ela, tanto a independência prática quanto a formal “são muito importantes”.

Corrupção

O surgimento de notícias de corrupção mostra a existência de uma imprensa livre e a apuração desse tipo de problema, de acordo com a S&P. “O aparecimento dessas coisas reflete que o sistema de check and balance do País está funcionando”, disse a diretora do grupo de ratings soberanos da S&P e analista para o Brasil, Lisa Schineller, em entrevista após evento do setor de seguros no Brasil, promovido pela agência americana no Rio de Janeiro.

A presidente da S&P no Brasil, Regina Nunes, disse na mesma entrevista que “nem sempre determinados escândalos são maus”. De acordo com ela, “o fato de estar aparecendo não significa que tenha mais corrupção, talvez tenha menos”. As duas executivas consideram que a corrupção em si é ruim e que seria melhor o País gastar melhor o dinheiro do governo, mas que as notícias mostram também que o Brasil é uma democracia e que a sociedade está pressionando os corruptos. “Acho que o que está acontecendo com o Brasil é que hoje não se consegue mais fazer essas coisas (corrupção) impunemente”, afirmou Regina.

A pedido de repórteres, ela comentou notícias publicadas na imprensa de que um relatório da Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça estima que o governo perde de R$ 25 bilhões a R$ 40 bilhões por ano com cartéis em licitações públicas. “Se for verdade, o governo está fazendo um relatório sobre corrupção no governo; o próximo passo deve ser agir para acabar com isso”, afirmou Regina Nunes.

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