Delfim: real se tornou a grande commodity do mundo

O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto afirmou, em seminário sobre câmbio promovido pelo Bradesco, em São Paulo, que o real se tornou “a commodity mais cobiçada no mundo”. Na sua avaliação, esse fenômeno ocorreu porque investidores internacionais vêm ao Brasil para fazer aplicações em ativos com o objetivo de obter vantagem com a arbitragem em relação às taxas de juros. “Os juros reais no Brasil estão ao redor de 8% desde 1999, enquanto, no mundo, as taxas são bem mais baixas. Pegue este fator importante e junte a ele um sistema financeiro hipersofisticado, como o brasileiro, que só tem paralelo nos Estados Unidos e na Inglaterra. Aí, você verá porque o Brasil é o maior PU (preço unitário) disponível no mundo”, disse.

Segundo Delfim, a política monetária colabora de forma expressiva para a sobrevalorização do câmbio. “Tenho dúvidas, se os juros não estivessem tão altos, que a nossa economia não teria registrado desempenhos mais positivos nos últimos anos, como ocorreu com Peru, Chile e Colômbia”, disse.

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De acordo com ele, o real foi a moeda que mais se valorizou no mundo desde 2004, inclusive superando as divisas de outros países cujas exportações são fortemente baseadas em commodities, como Austrália, Nova Zelândia e Chile. “Embora tenha ocorrido o avanço do comércio internacional nos últimos cinco anos, a forte valorização do real neste período foi provocada por causa de efeitos implícitos propiciados pela política monetária”, considerou.

Na avaliação de Delfim, a política monetária dura adotada pelo Banco Central se baseia em alguns pressupostos, sendo um dos principais que o PIB potencial cresce apenas 3,5%. Para o ex-ministro, o BC comete um engano de tentar se guiar por essa estimativa. “Mas o PIB não pode crescer mais que 3,5%, porque se isso ocorre o BC vai lá e toca juro em cima pra aprender a não ser besta”, avaliou.

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