Falta de mão-de-obra qualificada causa demora no preenchimento de vagas

A falta de qualificação e experiência profissional têm causado uma demora de até 20 dias no preenchimento das vagas de empregos na região, que registra 194 mil desempregados, segundo dados da PED (Pesquisa de Estudo e Desemprego), elaborado pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). “Notamos que falta um pouco de interesse da população em se especializar”, conta a selecionadora Kelly Santim, da agência de empregos Industrial Recursos Humanos, em Santo André.

Kelly afirma que as empresas têm exigido cada vez mais dos candidatos que, na maior parte das vezes, não possuem nem mesmo o ensino médio completo. ?Mesmo para trabalhar na linha de produção de uma metalúrgica é preciso ter um mínimo de conhecimento?, diz a selecionadora da agência, que atende em média 500 pessoas por dia. ?Cerca de 80% dos desempregados que entra aqui não têm uma qualificação adequada para preencher as vagas oferecidas?, revela.

Newsletter RD

Na Walcar Empregos, também em Santo André, a selecionadora Márcia Romaqueli confirma a falta de qualificação da mão-de-obra dos desempregados da região. ?Dependendo da vaga, levamos até 20 dias para preenchê-la”, diz Márcia. Segundo a selecionadora da Walcar, mesmo para as vagas administrativas falta qualificação dos candidatos. Ela conta que as os candidatos a estes empregos têm algum nível de conhecimentos nos assuntos relacionados, mas ainda não é o ideal. “A situação só muda um pouco de figura quando está em questão uma vaga para cargos de níveis elevados, aí a demanda acaba sendo maior que a procura”, completa.

Um dos motivos para a falta de interesse em buscar especialização é o baixo salário oferecido e a falta de benefícios. Na indústria, um ajudante de produção consegue salários entre R$ 500 e R$ 600, e nem sempre as empresas oferecem benefícios como vale-transporte, vale- refeição e convênio médico.

Cursos diversos

Não é por falta de opções de cursos a preços acessíveis que a população apresenta esse desfalque no quesito conhecimento. Na região, diversas escolas e entidades oferecem cursos de especialização de curta, média ou longa duração a preços populares e até mesmo gratuitos.

O Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) oferece cursos para quem quer aprender uma profissão no setor da Indústria em diversas áreas, como mecânica, eletrônica, química e até administraçãosão. Com caráter profissionalizantes, os cursos do Senais visam qualificar a mão-de-obra para suprir as necessidades das empresas.

Com unidades em Santo André, São Bernardo e São Caetano, as Escolas Técnicas Estaduais (ETE?s) oferecem cursos gratuitos em diversas áreas incluindo industrial. Em São Bernardo, na ETE Lauro Gomes, os cursos mais procurados são os de mecatrônica, informática e administração, que têm duração de 1,5 ano. A vice-diretora da escola, professora Aparecida Damergian, afirma que a maior parte dos alunos, principalmente do período noturno, é de jovens que querem entrar no mercado de trabalho ou pessoas mais velhas que buscam um diferencial. “Tem aluno que está desempregado por falta de qualificação”, diz Aparecida. Segundo a professora, muitas empresas buscam mão-de-obra entre os alunos que estudam na Lauro Gomes, inclusive as prefeituras e o CIEE (Centro de Integração Empresa Escola).

A Microlins, que tem unidades espalhadas por seis cidades da região, oferece cursos em diversas áreas administrativas. Na unidade São Caetano, 50% da procura é para o curso Rotinas Administrativas, que abrange um pouco de cada atividade realizada em um escritório. Os cursos têm duração de nove meses e custam em média R$ 150 por mês. Ao final dos cursos, os alunos ganham uma carta de apresentação e a escola se encarrega até de agendar algumas entrevistas.

No centro de Santo André, uma ONG (organização não-governamental) tem diversos cursos a preços populares. O projeto Educar oferece aulas de informática a R$ 14,99 por mês e cursos de contabilidade, inglês, marketing e telemarketing a R$ 19,99 por mês. (Colaborou Danilo Gonçalves)

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes