CD de Baden Powell reedita parcerias com Vinicius

Seis meses antes de morrer, o violonista Baden Powell (1937- 2000) realizou suas últimas gravações em estúdio, no Rio, recriando num único dia, sozinho ao violão, alguns temas que compôs em parceria com Vinicius de Moraes (1913-1980).

Lançado antes no Japão e na Europa, o CD resultante daquela sessão, Baden Plays Vinicius (Deckdisc), acaba de sair no Brasil. São apenas oito faixas, com predominância de clássicos absolutos da dupla, como Samba em Prelúdio, Deixa, Samba da Bênção, Apelo e Consolação. As outras três – Tempo Feliz, Valsa sem Nome e Só por Amor – são menos conhecidas, mas igualmente valiosas.

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O repertório foi escolhido por Baden com o produtor Armando Pittigliani, que trabalhou com o violonista em grande parte de sua carreira e lançou seu primeiro disco em 1959. Os cinco temas mais famosos citados acima ganharam incontáveis interpretações ao longo dos últimos 40 anos, do próprio Baden inclusive. Mas ele explora nelas belezas intocadas em interpretações profundas.

Consolação abre o CD em releitura impregnada da melancolia original, mas com uma introdução diferente e a serenidade quebrada por arpejos vigorosos. Apelo e Samba em Prelúdio, entre outras que a gente se acostumou a ouvir com as célebres letras do poeta e em grandes vozes como de Elizeth Cardoso (1920-1990), ressurgem de maneira que nem se ressentem da palavra.

O violão de Baden – especialmente na versão de Samba em Prelúdio, uma das faixas mais tocantes e sentimentais do CD – diz tudo sozinho. Tempo Feliz ressoa o ?té o sol raiar?, com que um dia Elis Regina (1945-1982) fez arrepiar. Das parcerias com Vinicius faltam outros clássicos – como os afro-sambas que Baden deixou de tocar depois que virou evangélico -, mas tudo o que há no CD está no nível do sublime.

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