Na próxima semana será definida uma nova data para a eleição interna que vai escolher os novos presidente e vice do Consórcio Intermunicipal Grande ABC. Muito além de gerenciar as ações da entidade regional, o novo mandatário da autarquia terá o desafio de “reunir” as sete cidades em sua tradicional política de regionalidade, principalmente neste ano de 2019, em que mais dois municípios vão se desfilar, Rio Grande da Serra e São Caetano.
Favorito na disputa interna, o prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), já deixou claro em uma série de entrevistas concedidas em 2018, de que é necessária uma mudança no conceito do Consórcio ABC, principalmente após uma série de reclamações realizadas pelos prefeitos que já deixaram a entidade ou que deixaram até o fim do primeiro semestre.
“Olha, eu acho que isso tudo mostra que precisamos repensar o modelo do Consórcio. Esse modelo aí está provado que não funcionou, que não funciona. Não tenho dúvidas que todos os prefeitos sabem da importância de ter um instrumento regional para implementar políticas públicas, independente de ficarem ou no Consórcio. A discussão maior, a importância da pauta regional é muito maior que o órgão. Agora, o modelo que foi construído, um modelo da década de 1990, talvez para os dias de hoje, na minha visão, não serve. Eu prefiro rediscutir o modelo estando lá, por isso Santo André está lá, mas esse modelo morreu”, disse o tucano.
Criado como uma associação civil de direito privado em 19 de dezembro de 1990, por iniciativa do então prefeito andreense, Celso Daniel (PT, morto em 2002), a entidade reunia as sete cidades para que propostas em comum fossem debatidas e levadas aos entes competentes (governos Estadual e Federal).
Em 2008, a autarquia virou uma entidade pública, assim permitindo que a entidade recebesse verbas públicas como qualquer prefeitura. Em seu site, a entidade elenca uma série de iniciativas que foram obtidas através do debate regional como os hospitais estaduais Mário Covas (Santo André) e Serraria (Diadema), a implantação de quatro FATECs (Faculdades de Tecnologia) e outras propostas.
Entre 2013 e 2014, um acordo entre as sete cidades e o Governo Federal trazia uma promessa de investimentos milionários na região, porém, apenas Rio Grande da Serra conseguiu ver a cor dos R$ 41 milhões que foram investidos na mobilidade urbana, algo que começou a irritar alguns prefeitos, principalmente o chefe do Executivo de Diadema, Lauro Michels (PV).
Saídas
O verde acabou sendo o primeiro a pedir para sair da entidade com a entrega da carta em março de 2017 e a consolidação em outubro do mesmo ano. Na época, Michels afirmou que o mesmo seria feito pelos prefeitos de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), e de Mauá, Atila Jacomussi (PSB).
Auricchio acabou ficando, mas não por muito tempo. Em abril de 2018, aprovou uma emenda que cortava os repasses do município ao Consórcio. No final do ano, teve autorizado pela Câmara o seu pedido de saída. Algo que também aconteceu com Rio Grande da Serra. Ambas entregaram seus respectivos pedidos de desfiliação em dezembro passado.
No caso de Atila, a intenção de deixar a entidade não foi à frente, tanto por falta de vontade quanto pelos seus problemas internos. O socialista está afastado do cargo por suspeita de corrupção.
Serra já afirmou que quer conversar com todos os prefeitos. Lauro Michels já indicou que o caminho será de um Consórcio sem sede e sem a necessidade de repasses, com reuniões mensais realizadas nas sedes das prefeituras, algo parecido com a ideia de Celso Daniel.