Se existe um setor que tem crescido substancialmente no País, mesmo com a recessão e a pesada carga tributária (responsável por 51% do preço final do produto), é o de pet. Balanço da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), que ainda não fechou os resultados de 2016, aposta que o segmento tenha faturado R$ 19 bilhões, volume 5,7% superior em relação a 2015. O índice é o menor registrado pelo segmento desde 2010. No ABC, o reflexo deste nicho está na constante abertura de estabelecimentos por causa da demanda, que cresce com bolo fermentado desde 1994.
Entre os fatores para o crescimento estão o número de animais de estimação nos lares brasileiros – 132 milhões de pets, 40% somente de cães, segundo o IBGE – e a crescente integração com a família, um novo membro. “Estão competindo até com os filhos”, comenta José Edson Galvão de França, presidente da Abinpet. O maior impulso é o setor de alimentação e o que mais sofre é o de serviços, que prevê queda de 16,4% causada, principalmente, pelo desemprego. “O dono deixa de comer para alimentar o animal”, comemora o executivo da Abinpet.
Quem acaba de apostar é o adestrador Clayton Martinez da Silva, sócio desde janeiro da Cão a Cão, que nasceu há pouco mais de três anos, em São Bernardo, com a proposta de oferecer creche e hotel, na época novidade na região, expandiu em outubro para São Caetano e já tem projeto para abrir a primeira franquia em 2018 no ABC. “O estudo está quase pronto e vamos buscar parceiros que tenham espírito empreendedor, gostam de pet e se proponham cuidar dos animais como se fossem filhos”, resume Silva, que investiu mais de R$ 300 mil na empresa, que considera case de sucesso de creche hotel que deu certo no mercado.
Com 13 funcionários e movimento de 15 a 20 animais/dia, a Cão a Cão prepara a unidade de São Caetano para ser o modelo de franquias, que deverão dotar de todos os serviços necessários, da tosa e banho ao acompanhamento veterinário e adestramento. “Já temos propostas, mas queremos ir devagar para manter a mesma qualidade que sempre norteou a marca”, diz Silva, que faz avaliação comportamental de animais.
Silvestres
A Star’s Pets, em Santo André, é outra recente no mercado. Situado no bairro Casa Branca, o pet shop abriu as portas em 2014 e já procura outro imóvel com o dobro do espaço, 500 m2, para atender a demanda. O estabelecimento, que oferece serviço de veterinária para animais silvestres, o diferencial, também realiza tosa, banho e venda de ração e acessórios.
A ideia do Star’s Pets é ter centro cirúrgico, atendimento veterinário diário, com dois consultórios, creche e hotel. “Teremos um pet completo”, afirma Juliana Fabiano Botasso, proprietária do Star’s Pets, que em dezembro registrou 193 clientes fixos e em janeiro teve um crescimento de mais de 50%. Enquanto isso, o pet shop investe no serviço de dog walker, que levará cachorros para passear. “Como as pessoas não têm tempo de sair com o animal, tem muito cão obeso”, explica Ramon Lopes Garcia, gerente da casa.
A Xodocão, fundada em 2002, no Centro de Santo André, também tem boa demanda. Vai transferir em março as atividades para espaço de 300m², 60% a mais, na vila Bastos. Além de banho e estética, terá três consultórios e mais serviços, como centro de reabilitação e ozonioterapia, além de estacionamento e cafeteria para o cliente. (Maria do Socorro Diogo)
Sebrae-SP orienta novo empreendedor
José Edson Galvão de França, presidente da Abinpet, afirma que onda de demissões tem atraído empreendedores para o setor, por causa do baixo investimento que requer um pet shop de pequeno porte. Mas Leandro Reale Perez, consultor de Negócios do Sebrae-SP, chama atenção para quem pensa abrir negócio no ramo. Além de gostar de animais de estimação e de atender e entender o público, o interessado precisa conhecer muito bem quem são os fornecedores, concorrentes e os clientes.
Por meio do tripé, diz, é possível montar um bom plano de negócio e ter sucesso no investimento. “Do contrário, pode ser perigoso”, adverte o consultor. Perez ressalta que o tipo de negócio exige, ainda, análise sobre a localização do futuro pet shop. Se a região já tiver concorrência, é preciso oferecer nichos diferentes, como delivery. “Abrir mais um sem um diferencial é muito arriscado”, diz o consultor do Sebrae-SP, que também no ABC oferece orientação para quem planeja entrar no ramo.