Verão é tempo de chuva forte e alagamentos são inevitáveis. Manda a boa prática que o nível da água não deve passar da metade da roda do veículo para reduzir o risco de ser levado pela força da correnteza. Caso contrário melhor desistir e esperar a água baixar. De acordo com o engenheiro mecânico de São Caetano, Francisco Satkunas, conselheiro da SAE BRASIL, se a travessia não puder ser evitada deve ser feita em baixa velocidade, como em primeira marcha (manual e automático), para evitar as marolas que dificultam a passagem pela água.
Para começar o especialista avisa que, além do nível da água, antes de avançar é importante observar cuidadosamente o trecho à sua frente. “Se o fluxo de água carregar entulhos, melhor é reduzir a velocidade sem jamais parar o veículo, evitando assim a entrada da água pelo cano de escapamento”, destaca Satkunas. Ele recomenda ainda deixar os outros carros passarem para depois seguir sozinho, pois será mais seguro. Caso isso não seja possível, diz, a dica é guardar uma boa distância do carro à frente. Veja outras recomendações para o motorista na hora da enchente:
Como proceder ao volante:
- A marcha deve ser baixa para o motor girar por volta de 2.500 a 3.000 RPM (Rotações por Minuto). Isso faz com que o fluxo da descarga sopre a água que circunda o escapamento;
- Se o motor apagar dê a partida normalmente (desde que a água esteja no máximo no meio da roda) e siga em primeira marcha seja no manual ou no automático;
- O segredo é manter o motor sempre com giro mais elevado.
O que fazer com o carro alagado:
Tapeçaria e elétrica
- Carro alagado até a altura da linha do vidro da porta e acima indica que o motor também foi atingido, além do habitáculo e do porta-malas; nesse caso remova a tapeçaria, bancos e painéis de portas para secagem de equipamentos elétricos como levantadores dos vidros elétricos, travas etc;
- Troque as capas de tecido dos bancos em contato com o barro; a recuperação de bancos de couro pode ser mais fácil;
- Fora do habitáculo inspecione alternador, limpadores do para-brisa, embreagem do compressor de ar-condicionado, ventoinhas do radiador, buzinas, alarmes, enfim, todos os elementos elétricos, que devem estar secos e funcionais;
- Se a centralina (comando eletrônico) ficou submersa limpe os contatos, pois essa unidade em geral é selada e à prova d’água;
- A água pode entrar também nos faróis e lanternas; limpe-os ou, em último caso, troque-os;
Motor
- Se a água entrou no motor pelo filtro de ar nunca dê a partida, pois, uma vez na câmara de combustão ela pode provocar quebra irreversível por calço hidráulico (enchimento da câmara de combustão com líquido). Isso ocorre porque a água não se comprime e age como trava mecânica podendo quebrar bielas, virabrequim etc.;
- Remova a água do sistema trocando filtros de ar e de óleo; e substitua também o próprio óleo, que estiver contaminado pela água perde propriedades lubrificantes e de refrigeração, provocando o travamento do conjunto;
- Recomendável levantar o carro num elevador para remoção de detritos eventualmente enganchados na suspensão, mangueiras de freios etc.;
Eletrônica embarcada
- Os módulos devem ser enxugados e todos os terminais acessíveis dos chicotes secados com muito cuidado e a aplicação de spray protetivo à base de silicone; isso previne o surgimento de falhas decorrentes de corrosão nos terminais depois de 5 ou 6 meses, que podem trazer muita dor de cabeça com falhas elétricas;
O que fazer com o carro submerso ou flutuando:
- Jamais tente dar a partida – o calço hidráulico é quase que inevitável; leve-o direto para a oficina mecânica para colocá-lo em funcionamento e depois faça a limpeza.