Um grupo de cerca de 30 pessoas, entre amigos e familiares da garota Gabrielly Dias de Macedo, 18 anos, morta na semana passada pelo ex-namorado Anderson Silva dos Santos, 24 anos, no Jardim Guarará, em Santo André, fizeram um ato nesta quarta-feira (11), exigindo do poder público medidas contra a violência às mulheres. Os manifestantes também pedem que o caso seja encarado como um feminicídio.
Os manifestantes percorreram as principais ruas da região central e finalizaram o ato com uma série de discursos na rua Oliveira Lima. Entre os pedidos estavam a inclusão do debate contra o feminicídio nas escolas. Muitos também repudiaram a atitude do prefeito andreense, Paulo Serra (PSDB), em extinguir a Secretaria de Política para as Mulheres. Também houveram críticas à falta de medidas para combater a violência contra as mulheres do governo do ex-prefeito Carlos Grana (PT).
O caso aconteceu no último dia 3. “Ele (Anderson) chamou ela (Gabrielly) até a sua casa para reatar o namoro e ele acabou assassinando ela, pois ele achou que ela tinha uma outra pessoa. Assassinou ela, bateu nela brutalmente a ponto de ninguém poder tocar no corpo dela no dia do velório. Foi lamentável o que aconteceu, ela era uma garota cheia de sonhos, lutadora guerreira. Cuidava dele, comprava as coisas para colocar dentro de casa”, disse o estudante Mateus Pinho, 18 anos, que trabalhava com Gabrielly na Prefeitura de Santo André.
“A Gabrielly falava do ciúme dele, mas o máximo que tinha ocorrido foi um empurrão. Foi aí que chamei ela para morar novamente comigo, pois já esperava algo pior”, afirmou a mãe de vítima, Mafalda Dias de Macedo, 48 anos, que também participou do ato.
O caso foi registrado no 6º DP de Santo André como homicídio qualificado por motivo fútil, mas a família lutará para que o caso seja enquadrado como feminicídio (lei nº 13.104/2015). Segundo a lei, o crime de feminicídio é enquadrado quando envolve “violência doméstica e familiar” ou “menosprezo ou discriminação à condição de mulher”.
Segundo números do Governo Federal, em novembro do ano passado, dois terços das denúncias de violência contra a mulher são praticadas por atuais ou ex-namorados ou maridos. A Central de Atendimento à Mulher (ligue 180), da Secretaria Especial de Políticas, de 67.962 relatos de violência, 67,63% aconteceram em um relacionamento heterossexual. Em 41% dos casos, a relação do casal ultrapassava os dez anos, e em 39,3%, a violência era diária.