Com um tom incisivo, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), desafiou o Judiciário que encontre provas para as suspeitas de desvios na obra do Museu do Trabalho e do Trabalhador, que foi alvo da operação Hefesta, da Polícia Federal (PF), deflagrada na semana passada.
Durante a prestação de contas de seu mandato que ocorreu nesta terça-feira (20), o petista afirmou que não houve qualquer irregularidade na obra e a obra foi um pedido seu e não do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ao ser questionado sobre como via as acusações de desvios que culminaram nas prisões de oito pessoas, sendo dois secretários e um subsecretário, além da apreensão de diversos documentos oriundos do Executivo são-bernardense, Marinho foi mais duro do que na semana passada. “Eu desafio o Ministério Público (MP), a juíza, quem for a achar qualquer prova de que foram desviados R$ 7,8 milhões (na verdade da estimativa do MP é de R$ 7,9 milhões) da obra do Museu. Eu desafio. Isso tudo não existe. Estão inventando está situação”, disse o prefeito.
Luiz Marinho chegou a comparar a postura da Justiça diante do caso do equipamento cultural com a postura do Ministério Público Federal em torno da operação Lava Jato que está investigando casos de corrupção envolvendo empreiteiras com partidos políticos. Para o chefe do Paço de São Bernardo, o judiciário vem questionando uma série de situações que “não foram estudadas”.
Entre as situações questionadas pelo MP está a da construção de uma ala que ficaria em um subsolo. “As pessoas têm que saber que em uma obra o que é feito no projeto e não o que estava no escopo. As pessoas têm que estudar, investigar direito. Um juiz chama um engenheiro e depois se acha especialista em obra. Não é assim, tem que saber a diferença entre projeto e escopo”, afirmou.
Marinho também negou as informações do arquiteto Marcelo Ferraz de que a obra foi um pedido do ex-presidente Lula. “A grande mídia tem que ter mais responsabilidade naquilo que pública. Por muitas vezes, não sei o motivo, escreveram que era o ‘Museu do Lula’, que o Lula tinha pedido para fazer o Museu. Não tem nada disso. É um museu que foi construído para contar a história do trabalho e dos trabalhadores no Brasil, e em qualquer museu desses, independente do lugar, é impossível não falar do Lula, pela luta dos trabalhadores por aqui. Quero deixar algo claro, quem pediu o projeto fui eu. Foi um pedido meu”.
Histórico
A operação Hefesta foi deflagrada na semana passada. 32 mandados foram expedidos pela 3ª Vara Federal de São Bernardo. Foram oito mandados de prisão temporária, entre os presos estão os secretários de Obras, Alfredo Buso, e de Cultura, Osvaldo de Oliveira Neto, além do subsecretário de Obras, Sérgio Suster. Foram oito conduções coercitivas, além de 16 mandados de busca e apreensão.
A estimativa do Ministério Público é de que R$ 7,9 milhões oriundos da Lei Rouanet foram desviados pela obra que está orçada em R$ 21 milhões. A expectativa da Prefeitura era entregar o Museu até o final deste ano, porém por falta de recursos do Governo Federal, não houve a conclusão.