Nem todas as cidades do ABC possuem unidades do Sesc (Serviço Social do Comércio). Por isso, o Sesc Santo André acaba recebendo visitantes de toda a região. A unidade, que completou 14 anos em março deste ano, tem ajudado a suprir a demanda de lazer das cidades vizinhas, com shows, apresentações teatrais, campeonatos esportivos, cursos diversos e exposições. Em entrevista ao RDtv, o gerente da unidade andreense, Jayme Paez, afirma que há intensa participação de moradores de outras cidades no Sesc Santo André.
A programação completa do espaço pode ser conferida no site www.sescsp.org.br. A instituição fica na rua Tamarutaka, 302, Vila Guiomar. Perto da Avenida Prestes Maia. Tem estacionamento.
Confira a entrevista na íntegra:
RD: Falando sobre cultura, lazer e SESC, lembramos que a unidade de Santo André completou 14 anos de existência. Quando chegou fez bastante barulho e agora tem quase uma década e meia em Santo André e é uma marca no serviço nacional do comércio. Jayme Paez. Batíamos um papo falando sobre a importância do Sesc e, sobretudo a unidade de Santo André que tem vários diferenciais, entre eles de ser uma das maiores unidades do estado.
Jayme: Sim, a de Santo André é uma unidade de grande porte, tanto nas instalações quanto na gama de ações que realiza, e é um marco realmente importante pra região, não só pra cidade, mas uma atuação regional também. Atendemos as cidades que ainda não tem uma unidade instalada. É de nossa responsabilidade poder fazer o Sesc presente nesses momentos também.
RD: Vocês têm levantamento da presença de gente de Santo André e de quanto é de outros municípios?
Jayme: Em alguns projetos específicos. Nós não conseguimos ter um levantamento muito fechado do ponto de vista diário das atividades regulares. Mas eventualmente em alguns projetos fazemos essa pesquisa de perfil de público e é sempre um resultado positivo. Por exemplo, São Bernardo é uma cidade muito próxima que tem uma frequência muito grande. Atendemos também Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Mogi, Suzano, são cidades que nos fazemos presentes em alguns momentos durante o ano, com projetos institucionais da cidade, mas sempre fazendo a interface para que as pessoas frequentem a unidade do Sesc Santo André, nas exposições, atividades que são com grupos organizados. Então é sempre muito bacana.
RD: Apesar de 14 anos, tenho certeza que uma parcela grande das pessoas que nos assistem neste momento nunca visitou o Sesc. O que atrai tanta gente? Quais são os espaços mais importantes e o que o Sesc oferece aos visitantes?
Jayme: Eu também tenho. O Sesc de maneira geral é uma instituição que acaba de completar 70 anos, então estamos em um ano de grandes comemorações. Não só porque é uma data redonda, mas porque a gente entende que são 70 anos de uma construção de um trabalho importante da sociedade. Ele nasceu em um contexto muito específico de pós-guerra, no entendimento do empresariado do comércio que precisaria criar outras formas de melhoria da qualidade de seus funcionários. Então era um público prioritário pro Sesc esses empresários do comércio. Ao criarem o Sesc e as outras instituições, também de caráter que começa com a letra S, Sesi, Senai, Senac, eles devolviam para os funcionários de categoria outras atividades que pudessem trazer melhoria pra qualidade de vida das pessoas.
RD: Mas tinha já esse caráter de clube classista?
Jayme: Ele nasce e é até hoje do ponto de vista de um público prioritário. O Sesc é aberto, qualquer pessoa é bem vinda, mas temos um foque de atendimento no público prioritário, trabalhadores do comércio e serviço.
RD: Tem muita gente que ainda pensa que é só trabalhador do comércio.
Jayme: Não. O Sesc sempre manteve portas abertas para a comunidade em geral. O Sesc teve momentos em que era mais reconhecido pelas atividades assistenciais, pelas atividades de saúde, por uma área forte físico/esportiva, campeonatos, torneio de classe, as piscinas. Isso sempre é bastante lembrado. Mas o Sesc do estado de São Paulo, nos últimos 20 anos ou mais, se fortaleceu muito na característica que atua na área cultural. Então hoje o Sesc é muito visto, às vezes só como o centro cultural. Não, nós continuamos atuando em diversas áreas.
RD: Vamos lá, Santo André tem o quê?
Jayme: Santo André tem tudo, tem todos os programas que existem na instituição. Temos atividades na área de saúde, odontologia. Temos um trabalho lindo que tenho orgulho de falar, chamado mesa Brasil contra o desperdício de alimentos. Então, são ações que muitas vezes são ocultas, e que as pessoas não nos reconhecem enquanto instituições e que faz muito sentido para a gente. E também trabalhamos com as atividades voltadas para as áreas culturais, todas as linguagens, teatro, música. No Sesc Santo André temos um teatro de 302 lugares, equipado, muito agradável, com acústica excelente, muito elogiado pelos músicos, artistas, e temos um espaço de eventos, e esse sim é extremamente nobre pensando nas unidades do Sesc que é uma grande área livre destinada para atividades expositivas e grandes shows. O teatro recebe 2.400 pessoas por show/evento. E, além disso, temos o parque aquático, toda área físico esportiva, temos uma atividade bastante fortalecida nas oficinas de linguagens artísticas, oficinas de várias características, de tecnologia e artes, que são atividades permanentes regulares dentro de uma grade de atividades que a gente oferece e elas que constituem essa massa de ação do Sesc. É uma grande coxa de coisas que a gente realiza ligadas à instituição e, por vezes, os diversos públicos só reconhecem um pedacinho. O desafio nosso, enquanto instituição é integrar essas atividades. A gente brinca que não é a toa que a gente coloca uma exposição num espaço que é o caminho de passagem para as áreas esportivas, quer dizer, você vai participar de um torneio, mas você tropeça numa exposição de circo, desempenho e o vice-versa também. Queremos que todos os frequentadores do teatro veja que o Sesc é mais do que aquela apresentação bacana.
RD: E tem que fazer aquela carteirinha do Sesc?
Jayme: Chama credencial plena. Pra alguns serviços com limite de atendimento no sentido de capacidade, nós mantemos uma restrição pro público em geral. São serviços que a gente não conseguiria dar conta. Então por ser esse público preferencial, são pra ele estes serviços subsidiados, por exemplo, a odontologia, que tem que ter a credencial plena. Quem tem a credencial são os trabalhadores de comércio de bens, serviços e turismo. Serviços é tudo que hoje temos setor possante, escolas particulares, cabeleireiros, todas as ações que envolvem e são formalizadas enquanto estrutura de trabalho, os funcionários tem essa possibilidade de fazer a credencial e serem os dependentes. Fora parque aquático, odontologia, todas as outras atividades são abertas ao público.
RD: Está aberto todos os dias?
Jayme: Menos segunda-feira, que é dia de trabalhar internamente. Mas de terça a domingo estamos funcionando integralmente. Então já às 7h da manhã tem atividade acontecendo, e vamos até a última pessoa do último show sair. Santo André tem 205 funcionários e mais 50 terceirizados na área de limpeza e segurança.
RD: Resumo sobre a construção do Sesc.
Jayme: A Unidade de Santo André até pela configuração que está instalada, está numa região da cidade que tem comunidades em volta que têm expectativas muito grandes do uso do Sesc, tem desde o início uma missão de trabalhar projetos de caráter educativo, social com crianças, idosos e exposições educativas. Então por ter este espaço de 2.400 pessoas privilegiado, nós recebemos desde o início da unidade grandes projetos de média duração. Então uma exposição hoje, por exemplo, estamos utilizando este espaço com a exposição importante volumosa chamada “Rever”, obra de Augusto de Campos, lindíssima, encantadora e ela atinge um público também de escolares que também é foco de nosso trabalho. Fora isso, a unidade também vem se desenvolvendo fortemente na área da música, de referência com viés importante com projetos de hip hop. Então todo final de ano temos evento que agora chama Batuque e que reúne artistas nacionais e internacionais de grande porte. Mistura a musicalidade da origem negra, misturada com a música mais politizada que o hip hop tem como característica e é muito bacana. Então, nesse período a unidade recebeu todas as linguagens de teatro, música, dança, alguns artistas conhecidos de todo mundo, Gil, Gal, Paulinho da Viola, Sepultura, e não só esses, a gente realiza atividades regularmente. Então teatro de médio porte tem uma programação diversificada para todos os gostos. E é um pouco a nossa cara de pensar que não é o público, são vários públicos. A exposição imperdível fica com a gente até 4 de novembro, aberta. E a gente entra agora em novembro com uma temporada teatral, não fazemos muitas temporadas durante o ano, já que tem um único teatro, a gente tenta dividir as linguagens durante o ano, mas geralmente umas três vezes durante o ano fazemos temporada de teatro que dura um mês. E agora a gente recebe como última temporada teatral o espetáculo Amadores, que é incrível, da companhia Hiato, consagrada no mundo. E esse espetáculo fez uma temporada incrível no primeiro semestre no teatro Consolação, esgotou, não conseguia mais entrar. Depois eles viajaram por festivais e agora a gente recebe do início de novembro até o final do mês a temporada do espetáculo Amadores, de sexta a domingo. E no final de novembro a gente também entra em um projeto que vai acontecer em várias unidades do Sesc São Paulo, que é o festival internacional de música de câmara, com atrações internacionais brilhantes, serão duas semanas e nós recebemos quatro dias de espetáculo aqui no Sesc Santo André.