Um dos momentos mais aguardados no período eleitoral são as pesquisas de intenção de votos. Muitos tomam como base os números oriundos das amostras do eleitorado para tomar decisões em suas campanhas. Mas diferente do que muitos candidatos acreditam, os estudos influenciam pouco naqueles que decidem o pleito. Pelo menos é o que afirma o cientista social e especialista em pesquisas eleitorais, Marcos Soares, em entrevista ao RDtv. O estudioso também afirma que boa avaliação de governo não é exatamente uma garantia para reeleição ou sucessão.
Para Soares, as pesquisas influenciam mais aqueles que estão na disputa do que os eleitores. “A divulgação de pesquisas na campanha eleitoral obviamente causa alguma influência nos atores, mas em relação aos eleitores, que é supostamente a grande preocupação, a minha impressão é que causa muito pouca influência. Eu te responderia citando alguns exemplos do histórico das eleições no país. São inúmeros os casos de candidatos que começaram as eleições liderando as pesquisas e perderam as eleições. Me lembro das eleições passadas de dois casos, Mauá e São Caetano, em que os candidatos que lideravam as pesquisas até dias antes da eleição, perderam”, explicou.
O cientista social considera que os números eleitorais costumam influenciar os apoiadores dos candidatos, no caso da eleição deste ano, a prefeito ou vereador, principalmente para definir as alianças políticas. Além disso, também influência o noticiário.
“É quase inevitável que a mídia se concentre naqueles que lideram as pesquisas. Eu digo que as pesquisas causam influência nesses aspectos, muito mais do que na decisão do voto do eleitor que se move muito mais por outras referências do que no resultado das pesquisas divulgadas”, afirmou.
Sobre a influência nas campanhas, Marcos Soares considera que qualquer campanha “minimamente estruturada” é baseada nas pesquisas eleitorais. “Ir para uma campanha eleitoral sem essa ferramenta é ir no escuro”, disse o cientista social que considera que muitos candidatos acabam se enganando ao trocar os estudos pelo que sentem quando encontram os eleitores na rua, principalmente pelo fato dos munícipes, em sua maioria, receberem os candidatos com educação.
Na reta final de campanha, entre os tipos de pesquisas mais utilizados está o tracking, uma pesquisa diária que é realizada de modo quantitativo. “É cada vez mais frequente os eleitores decidirem os votos nos últimos dias, portanto, dependendo do cenário da eleição, com uma diferença pequena, você pode ser pego de surpresa”.
Sobre a influência das avaliações dos atuais governantes na campanha eleitoral, Soares considera que um bom percentual de aprovação pode aumentar as chances de um candidato se reeleger ou de fazer o seu sucessor, mas considera que não é uma garantia.
“Na eleição passada, o prefeito de São Caetano (José Auricchio Júnior, então no PTB) tinha mais de 60% de avaliação, mas não fez o sucessor. Em Mauá, o governo (de Oswaldo Dias, PT) tinha uma avaliação muito baixa, mesmo assim o partido foi mantido no governo. Esse tipo de caso acontece”, concluiu.