Quem precisa consultar o serviço das bibliotecas da região pode sair decepcionado. O RD percorreu alguns locais e observou situação de total abandono. O descaso da Prefeitura em relação à atualização do acervo, tecnologia disponível para o público e mais oferta de livros é gritante na Biblioteca Cecília Meireles, em Santo André. Outro caso é o da Biblioteca Esther Mesquita, em São Caetano, onde existem poucas opções de livros e o barulho emitido por estabelecimentos vizinhos desvia atenção de quem precisa de concentração.
A Esther Mesquita fica ao lado do ginásio da escola EE Professor Alfredo Burkart e já afastou quem precisou consultar o acervo. É o caso da moradora do bairro Boa Vista, Isabela Freitas. “Normalmente a biblioteca é um lugar calmo, onde a gente consegue ao menos se concentrar no que estamos lendo. Mas na Esther Mesquita não é bem assim, o barulho da escola atrapalha muito e é impossível ler com esse barulho. Por isso, hoje é muito difícil eu vir para cá”, comenta. A Prefeitura não se manifestou sobre a reclamação.
Na Cecília Meireles, o problema é desatualização do acervo e falta de manutenção. Com títulos antigos, espaços vazios nas prateleiras, vidros das janelas quebrados e pichações nas paredes externas, a biblioteca é o retrato do abandono. “Falta cuidado da Prefeitura, falta investimento, falta novidade. Aqui parece mais um sebo ou uma biblioteca que está para fechar. Eu mesma, que sempre vinha estudar aqui, não venho mais. Não tem nenhum título atrativo”, reclama Camila Vasconcelos, 26.
Na Biblioteca Nair Lacerda, também em Santo André, o maior agravante são os computadores quebrados. Existem nove equipamento, porém apenas 4 ou 5 funcionam e que o usuário precisa de muita paciência porque o sistema é lento. Rita de Cássia Marchezani sempre passa apertos. “Antes, a coordenação dava uma hora para usar a internet. Hoje, é obrigada a oferecer 2h30 em razão da demora no processamento. Ou você vem com tempo e paciência ou não usa os computadores”, conta.
Respostas
A Prefeitura de Santo André informa que de janeiro a agosto de 2016 foram incorporados na Cecília Meireles cerca de dois mil títulos. Quanto a pichações, informa que não tem como lidar com vandalismo externo e já solicitou reparo dos vidros. Quanto aos computadores, existe projeto para disponibilizar computadores e acesso à internet para a população. Esclarece ainda que a biblioteca já possui computadores novos e acesso a internet, porém por ato de vandalismos todos foram roubados.
Na Nair Lacerda, o Paço informa que o serviço de acesso à internet existe desde 1998. A parceria entre os ministérios da Cultura e das Comunicações trouxe à biblioteca em 2011 a ampliação para 10 o número de computadores com internet e um exclusivo para deficientes visuais. Além disso, informa que os computadores estão sempre em manutenção.
Revitalização
Em São Bernardo, a Biblioteca Monteiro Lobato começou a receber manutenções este ano após três anos seguidos sem qualquer revitalização. O investimento de aproximadamente R$ 4,6 milhões prevê a reforma do espaço construído em 1960. Com previsão de ficar pronto até dezembro, o espaço terá sala multiuso, café e área infantil. “Passou da hora de mexer nessa biblioteca, nunca vi reformarem o espaço, apesar de ser tão frequentado, não davam a atenção necessária. Agora que começaram a mexer, espero que fique bom”, diz o morador Luís Cláudio Alves, 52. (Colaborou Amanda Lemos)