A Guarda Civil Municipal (GCM) de Mauá passa por problemas. Os policiais reclamam que trabalham sem uniforme e que os critérios para horas extras estão envoltos às represarias políticas. Os profissionais também afirmam que o “guarda solitário”, que atende ocorrência sozinho, é realidade que precisa ser mudada na cidade.
O guarda civil M.T, que não quis não se identificar por medo de retaliação, alegou que trabalha há mais de um ano sem uniforme, porque seu número é considerado extragrande e os uniformes disponibilizados não servem. “Sempre peço um novo uniforme, mas ele nunca chega. Como trabalho sem uniforme também não uso arma. Fui até proibido de fazer horas extras, por não ter a vestimenta adequada”, diz.
Impossibilitado de fazer horas extras, o guarda reclama que seu rendimento mensal caiu muito, mais de R$ 1 mil. “Eu não tenho culpa se não recebo o uniforme. A situação está insustentável”, reclama.
O guarda J.C está há mais de 30 anos na GCM e confirma que há profissionais trabalhando sem uniformes e que muitos não fazem mais horas extras, mesmo diante do contingente desfalcado. “Há poucos guardas para cuidar da cidade, sem as horas extras vai cair muito a qualidade da segurança em Mauá. O problema é que antes podíamos contar com esse rendimento a mais, agora não. Percebemos que quem é escalado para fazer hora extra é só quem apoia o governo atual. É uma situação complicada”, pondera.
Vencimento de coletes
Os guardas entrevistados também afirmam que os coletes balísticos vencerão no dia 1º de agosto e que novos coletes ainda não foram providenciados para a corporação.
De acordo com a Secretaria de Segurança da cidade, o efetivo atualmente é de 220 guardas e o concurso para ingresso de 150 novos guardas está em andamento, sendo que a contratação será feita de forma gradativa, conforme houver disponibilidade orçamentária.
Para tentar debater soluções para a GCM, diretores do Sindicato dos Funcionários e Servidores Públicos (Sindserv) de Mauá protocolaram ofício, na última segunda-feira (18), na Secretaria de Segurança Pública da cidade. Entre as demandas citadas no documento estão justamente esclarecimentos sobre os critérios com relação às horas extras e aos uniformes que estão em situação precária.
O presidente do Sindserv de Mauá, Jesomar Alves Lobo, disse que aguarda o secretário de Segurança, Denilson Martins da Silva, para resolver os problemas. “Tem guardas que alegam que tem questão política nas horas extras. A gente pede critério para a escolha dos profissionais. Todos têm o mesmo direito. Outra questão é a da segurança, os guardas estão vulneráveis”, diz.
‘Guarda solitário’
Recentemente, um guarda foi baleado em serviço, ele estava sozinho na ocorrência. Segundo o diretor do Sindserv, Marcos José de Aguiar, o GCM Aguiar, o caso do profissional ferido será tratado com o secretário. “O Sindicato vai questionar porque o guarda estava sozinho, chamamos isso ‘guarda solitário’ e queremos acabar com isso”, afirma.
Outras questões a serem debatidas, segundo o Sindicato, são as faltas abonadas e o prêmio de assiduidade, sendo que há pontos ainda não regulamentados do Estatuto da Guarda Civil (Lei Complementar 019, de 22/10/2014).
A Prefeitura divulgou que a última compra de uniformes ocorreu em 2015 e que teve um caso em que “o guarda precisou de outro uniforme em tamanho maior e, em abril, isso foi feito com peças de modelo que ele forneceu”. Porém, as novas vestimentas também não serviram. A administração informa que prepara novo edital para a compra de uniformes.
Sobre horas extras, a Prefeitura alega que a escala é feita pelo comando da GCM, que considera a necessidade do serviço dentro da disponibilidade de seus quadros.
Já sobre o ofício realizado pelo Sindicato, a administração informa que o secretário de Segurança Pública deverá se reunir com a GCM e do Sindserv na próxima semana.