A greve dos trabalhadores da Pirelli, em Santo André, chegou ao fim nesta sexta-feira (24). Em plebiscito realizado na sede da empresa, a maioria dos funcionários decidiu por aceitar a proposta de reajuste salarial e pagamento de PPR (Programa de Participação nos Resultados) feita pela fabricante de pneus.
Dos 1377 funcionários que participaram do plebiscito, 602 rejeitaram a proposta da Pirelli e 768 aceitaram. O placar reflete a divisão da categoria, que cruzou os braços na última segunda-feira (20).
Os trabalhadores tiveram que escolher entre duas opções: aceitar o acordo apresentado pela Pirelli ou levar o caso para definição no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
A proposta aceita pela maioria prevê o pagamento de quase todo o PPR de 2016 no dia 6 de julho. Dos R$ 7 mil previstos de benefício, R$ 6,8 mil serão depositados nesta data e os R$ 200 restantes em janeiro do ano que vem. A categoria pedia R$ 13 mil.
Os trabalhadores terão 7,5% de reajuste em janeiro de 2017, relativo à data base de junho de 2015 a maio de 2016. A proposta inclui acordo para a próxima campanha salarial – ficou acertado que será aplicado reajuste em janeiro de 2018 com base no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de junho de 2016 a maio de 2017.
A proposta aceita nesta sexta, portanto, tem poucas mudanças em relação ao que a Pirelli já vinha apresentando aos trabalhadores desde que a greve foi deflagrada – o índice de 7,5% foi um dos principais motivos que levaram os borracheiros a cruzar os braços, por não ser suficiente para repor as perdas da inflação.
Insatisfação
O grupo contrário ao acordo se mostrou indignado com o resultado. Parte dos funcionários fez críticas à condução da negociação por parte do sindicato e questionou a decisão de fazer um plebiscito.
“A Pirelli quer dar aumento pra gente só no que vem e o índice não repõe nem a inflação. Teve trabalhador que foi coagido pela chefia a votar de forma favorável à empresa”, reclama o inspetor de qualidade Damião Alves Brilhante, funcionário há 16 anos.
O presidente do Sintrabor (Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo), Márcio Ferreira, explica: “A opinião entre a categoria estava muito dividida para se decidir a questão em assembleia, por isso resolvemos fazer um plebiscito, onde cada um dá seu voto de forma mais justa. É a maneira mais democrática”.
De acordo o Sintrabor, a Pirelli teria colocado na unidade funcionários de fora da planta de Santo André, como forma de ganhar mais votos favoráveis à empresa nas assembleias realizadas ao longo da semana – acusação que é negada pela fabricante de pneus.
No plebiscito só puderam votar funcionários que comprovassem com a carteirinha que trabalham em Santo André.