A secretária de Saúde de São Bernardo, Odete Gialdi, repudiou, nesta quarta-feira (18), as falas do Ministro da Saúde, Ricardo Barros, que afirmou que “o Estado não tem como assumir as garantias previstas na Constituição para que o acesso a saúde seja universal”. A chefe da pasta municipal considera que Barros não pode dar “canetada” para mudar a situação do Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministro voltou atrás nesta terça-feira (17).
“O Sistema Único de Saúde está passando por um momento de inflexão mesmo. O Estado brasileiro precisa definir isso. Eu sou uma daquelas que não defende redução do Sistema Único de Saúde (SUS), muito pelo contrário. É preciso lembrar que o Estado brasileiro tem uma dívida muito grande com a nossa população. Não dá para comparar os nossos salários e a nossa população com os salários que são pagos na Europa, no norte da Europa, por exemplo. O consumo, a forma de viver é muito diferente. Nós temos muitas vulnerabilidades sociais e é o Estado que tem que suprir ainda no nosso país”, explicou a secretária.
Odete também considera que a área da saúde no Brasil “cumpre um papel de igualdade social” e que é uma das “poucas políticas públicas” de inclusão. “Não importa se é um morador de rua, ás vezes é uma mãe ou um pai desempregado que o filho está doente, mas ele consegue garantir o seu atendimento na Saúde. Muitas vezes por meio da Saúde abre-se um conjunto de outras portas para a proteção social”, afirmou.
“Eu acho que é preocupante, mas eu repudio veementemente qualquer pensamento ou fala da autoridade máxima da Saúde no Brasil de achar que com uma canetada dizer que o Sistema Único de Saúde não é mais universal. Absolutamente repudiável essa fala”, concluiu a médica.
Ricardo Barros afirmou em entrevista para a Folha de S. Paulo, na semana passada que “a capacidade financeira do governo para suprir todas essas garantas que tem o cidadão não são suficientes. Não estamos em um nível de desenvolvimento econômico que nos permita garantir esses direitos por conta do Estado”.
Nessa terça-feira, o novo ministro voltou atrás e afirmou que está atendendo o máximo de pessoas possível, mas que considera que atual situação é insuficiente para cumprir o que está escrito na Constituição. Ainda considera que recursos de outras áreas do governo devem ser repactuadas para ajudar a Saúde.