Este domingo, 8 de maio, é especial para todas as mães, principalmente para aquelas que podem comemorar com a sua prole. Para celebrar o Dia das Mães, o RD ouviu três histórias de mulheres, que não desistiram dos obstáculos da vida para fazer jus o importante papel, como a jovem Ariane, do Amapá, que veio sozinha com o filho para Santo André em busca de tratamento do câncer. E também a Darci, de São Caetano, agora feliz em poder ajudar a cuidar da neta, ou mesmo a Sidnei, mais feliz ainda porque depois de oito anos vai passar o Dia das Mães com um dos filhos em casa. Histórias de vida diferentes, mas que refletem a grande jornada da maternidade.
Após oito anos sem receber o abraço dos filhos no Dia das Mães, a professora Sidnei de Oliveira, 72 anos, está rindo à toa. O caçula Sílvio, 47, voltou de Porto Alegre, com a mulher e o filho Renan, 12. A vinda do publicitário amenizou a saudade. Ex-diretora de ensino do ABC, Sidnei possui outro filho, de mesmo nome e que mora há mais de 15 anos nos Estados Unidos. Apesar da distância, Sidnei fala todos os dias com o filho, de 51 anos, pela internet e diz “não faltar a responsabilidade de mãe com o filho”.
Descendente de italianos e alemães, Sidnei mora em Santo André desde que nasceu. Casou-se aos 23 anos e ficou viúva há seis. Anos atrás teve de se desdobrar para cuidar do marido Antenor, doente e dependente de cadeira de rodas, e da mãe, também falecida. Aposentada há oito anos da educação, diz que nunca deixou de cuidar dos filhos. “Ser mãe exige cuidado, preocupação e principalmente responsabilidade, na hora de educar e ensiná-los sobre a vida. É um amor divino, impressionante, satisfatório e sobrenatural, que nos dá força para tomar conta de tudo”, define Sidnei, que até trocou de moradia para ter a pequena família de Sílvio junto todos os dias.
Vida difícil
Em São Caetano, Darci Fátima Caroam, 63 anos, sempre morou na cidade. Mãe de Marília, 35, e Gabriel, 25, descobriu que não podia ser mãe no início do casamento, pois o marido era estéreo. Para realizar o sonho, adotou Marília. Quando a menina tinha 11 meses de idade, Darci ficou viúva e para sustentar a casa foi trabalhar fora. Casou-se novamente e engravidou de Gabriel, que nasceu de apenas sete meses com sequelas de paralisia cerebral, resultado de falta de oxigênio no cérebro.
Mas os primeiros anos de maternidade foram difíceis. Darci perdeu o pai e recebeu a notícia que sua mãe estava com câncer, problemas que lhe resultaram em depressão e síndrome do pânico. “Acho que a grande a necessidade de cuidar dos filhos me curou”, conta a ex-manicure.
Dona de casa, agora Darci cuida da pequena neta Zarah, filha de Marília, que sustenta a casa junto com Gabriel. Feliz, diz que não mudaria nada se tivesse de reescrever a sua vida. “Ser mãe é um dos maiores presentes de Deus. Ele me deu e me dá forças para continuar na luta para cuidar de minha família e de minha neta. Apesar de tudo que passei, não há nada mais gratificante do que poder passar mais um Dia das Mães com minha família” reitera.
(Colaborou Amanda Lemos)
Ariane não desistiu de Eminem
A história de Ariane da Costa Borges, 24 anos, é uma daquelas em que o amor é posto à prova. Aos 14 anos, Ariane engravidou de Eminem, em Macapá, Amapá. Em 2014, quando fez sete anos, o filho adoeceu e a saída foi trazer a criança para São Paulo. Em Santo André, o diagnóstico foi leucemia mielogênica aguda, tipo de câncer.
Para Ariane, foi um choque. “Eu cheguei em Santo André há dois anos e fiquei assustada com crianças sem cabelo fazendo quimioterapia. Eu era muito menina, não sabia por onde começar”, afirma.
Ariane relata que nunca deixou a peteca cair. “Eu senti medo de perder meu filho, mas quando eu estava próxima a ele eu sempre buscava ser forte”, confessa. A dica de Ariane para quem passa por situação parecida é não comparar a situação do filho com a de outras pessoas. Para Ariane, cada caso é um caso e, se outras mães pensam assim, podem se assustar.
Atualmente, Ariane mora na Casa Ronald McDonald’s, com o filho, e sobrevive da ajuda financeira de voluntários e com um salário mínimo que recebe do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) por conta da doença do menino, que está na escola. “Aqui a gente está acolhido, mas quando eu cheguei eu estava perdida. Eu não conhecia ninguém e não sabia quem era quem. O que me motivou foi eu não aguentar mais ver o meu filho sofrer”, conta.
O tratamento para leucemia leva 12 anos. A parte intensiva é feita nos primeiros dois anos e termina em dezembro, quando Ariane espera voltar. “Só de saber que agente vai poder rever nossos parentes e que isso ajuda bastante meu filho, hoje com nove anos, eu fico bastante animada”, relata Ariane, mãe também de um menino de cinco anos. (Colaborou Caíque Alencar)