Moradores da rua Maragogipe, no Parque João Ramalho, em Santo André, têm sido bastante criativos para driblarem a falta d’água ou a baixa pressão nas torneiras que inviabilizam o enchimento das caixas. O problema é que a rua fica em um ponto alto do bairro e a baixa pressão não permite que a água encha as caixas.
A solução encontrada por Francisco Felix, proprietário da padaria Nova Maragogipe, foi instalar um pressurizador logo após o cavalete onde fica o relógio de medição. “Gastei R$ 900 para instalar esse pressurizador que consegue bombear a até 28 metros de altura. Só assim dá para encher a caixa”, conta.
Sem condições de instalar um equipamento igual, o porteiro Antonio Marcos Alves resolveu tirar sua máquina de lavar roupa que estava na lavanderia, situada no andar de cima do imóvel, para a sala, que fica no térreo. “A água não chega lá em cima de jeito nenhum”, disse Alves.
A dona de casa Maria de Lourdes Pereira de Melo, a Malu, explica que o bairro já chegou a ficar seis dias sem água. Malu reclama que sua caixa de 500 litros nunca fica cheia. “Não dá para lavar roupa ou louça. Acumula tudo”, reclama.
Captar água da chuva foi o jeito encontrado pelo limpador de vidros Vanderlei Rodrigues dos Santos para lavar roupa, louça, dar descarga no banheiro e, em determinados dias, até mesmo tomar banho. “Tenho uma caixa de 500 litros e três tonéis dispostos em pontos diferentes da casa”.
Indignação
No dia 30 de janeiro o RD online publicou matéria sobre o problema da falta de água no mesmo bairro e também no Parque Capuava. Na ocasião, a personal trainer Débora Rodrigues, que reside na mesma rua das pessoas mencionadas acima, disse estar indignada com a situação.
“Já fui reclamar e disseram que o Semasa garante que a pressão chega a 10 metros de altura, mas eu moro em sobrado e minha caixa está acima disso. Só que antes da crise hídrica não tínhamos problema algum”, relata.
A dona de casa Maria Felix Andrade de Sousa, do Parque Capuava, ressalta que levanta da cama de madrugada para encher baldes e tambores. “Acordo às 5h, encho todos os tambores que temos em casa e torço para que a água suba até a caixa, porque muitas vezes não tem pressão para isso”, disse.
O problema não se limita aos bairros citados, ambos localizados no 2º subdistrito da cidade. A dona de casa Matilde Rossi Guvella, que reside na Vila Scarpelli, no 1º subdistrito, também rec
lama, não só da falta, mas também da cor da água que sai da torneira.
“A água chega marrom, às vezes, mas na maioria dos dias está amarelada, não é mais limpinha e transparente como antes da crise hídrica. Uma vez deixei o tanque cheio de um dia para o outro. Quando esvaziei, ficou um limo no fundo”, relata.
Procurado para falar sobre a situação no João Ramalho e no Parque Capuava, o Semasa respondeu que “não implantou rodizio de água. Ocorre que, em julho do ano passa
do, diante da crise hídrica, a Sabesp passou a enviar para Santo André 1.750 litros de água por segundo. Antes da crise hídrica, esta vazão era de 2.370 litros por segundo, o que foi sendo reduzido até 1.750 litros por segundo”.
Ainda segundo a autarquia “essa vazão é insuficiente para abastecer de maneira equilibrada toda a cidade, mesmo porque ela não é constante, ou seja, há dias em que é ainda menor do que 1.750 litros por segundo, principalmente nos períodos de maior consumo. De madrugada, a vazão que chega a Santo André é normalmente maior. Por isso, a intermitência tem sido constante, atingindo toda a cidade, mas o Semasa faz manobras técnicas para enviar água em pelo menos um período do dia a todas as regiões”.
A nota enviada pela autarquia conclui dizendo que os imóveis das moradoras entrevistadas “podem estar com algum problema pontual que dificulta o seu abastecimento normal. Para checar isso, no entanto, é necessário endereço completo ou número-conta”.
Quanto à cor escura, em setembro de 2015 a autarquia já havia informado que isso ocorreria tão logo a Sabesp começasse a enviar menos água para o município.
(Colaborou: Luana Felix)