Saída de Chioro desagrada PT e Marinho vê risco de “barbeiragem”

Ministro da Saúde Arthur Chioro, indicado pelo prefeito Luiz Marinho, deve tirar um “ano sabático” após saída do comando do Ministério (Foto: Divulgação)

A iminente saída de Arthur Chioro do comando do Ministério da Saúde desagradou lideranças petistas da região e preocupa secretários da área. Filiado ao PT, Chioro é considerado um quadro técnico que conhece a fundo as demandas do ABC. Foi secretário de Saúde de São Bernardo por cinco anos e comandou o Grupo de Trabalho (GT) Saúde do Consórcio Intermunicipal.

“Embora se reconheça que a presidenta tem o direito de escolher quem é o ministro da Saúde ou de qualquer outra pasta, ficamos muito apreensivos de que a Saúde seja um objeto de barganha política para garantir a governabilidade do Brasil”, afirma a secretária de Saúde de São Bernardo, Odete Gialdi, que substitui Chioro no comando da pasta no município.

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O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde direcionou carta à presidente Dilma em que demonstra “preocupação com possíveis retrocessos, uma vez que o SUS, política de Estado, não pode se tornar objeto de negociação política e deve estar acima de interesses partidários que podem colocar em risco a saúde do cidadão brasileiro”.

“O Arthur deixou um legado grande para a região. Essa possível saída do ministro significa uma perda nesse sentido. Mas por outro lado a gente espera que a presidenta Dilma consiga refazer a sua governabilidade”, avalia o coordenador do Grupo de Trabalho Saúde do Consórcio, Homero Nepomuceno Duarte.

Barbeiragem

Durante evento de lançamento do Plano Regional de Combate à Dengue em Diadema, nesta quinta-feira (24), o prefeito Luiz Marinho comentou a saída de Chioro e a tentativa de Dilma de garantir a governabilidade. A entrega da pasta ao PMDB foi uma exigência do partido para garantir apoio no Congresso.

“O governo tem que avaliar o tamanho do seu problema e a cirurgia que tem que fazer para resolver o problema. Espero que a presidenta Dilma tenha a felicidade de fazer a cirurgia certa”, afirmou o prefeito. “Só temo que tenha uma barbeiragem na cirurgia e o paciente continue enfermo. Mas aí é com ela. Como ela não me pediu opinião, não vou dar”.

“Graças a Deus”

Nem todos os secretários de Saúde da região lamentaram a saída de Arhur Chioro. José Augusto, titular da pasta em Diadema, comemorou o fato. A gestão Lauro Michels (PV) acusa o governo federal de tratar o município com desdém por motivos políticos.

“Graças a Deus que esse cara vai sair. O Ministério vem cortando verbas nossas, perseguindo o município. Colocou pra fiscalizar nossas contas a Cidinha [ex-secretária de Saúde de Diadema], que deixou a curva de mortalidade infantil em ascensão”, reclama.

Futuro

O ministro Arthur Chioro relatou a pessoas próximas que deve tirar um “ano sabático” após a saída do Ministério da Saúde. O médico sanitarista pretende retomar as aulas que ministrava na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e descartou qualquer intenção de assumir cargo de secretário de Saúde em algum município.

Nascido em Santos, Chioro é cotado dentro do PT para ser candidato a prefeito na cidade, na próxima eleição municipal ou em outro pleito.

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