Curso prepara servidores para atender mulheres

Secretária Silmara Conchão e a diretora da unidade Santo André do Senac, Érika Rohrbacher, assinaram contrato na tarde de 31/8. (Foto: Beto Garavello/PSA)

Nesta segunda-feira (31/8), a Secretaria de Políticas Para as Mulheres de Santo André e o Senac firmaram parceria para a realização de um curso que visa auxiliar os servidores do município a melhor atender as mulheres vítimas de violência sexual e doméstica. Sob o título “Quem Ama Abraça – Fazendo Gênero”, a iniciativa tem o objetivo de instruir os servidores a tratar as mulheres de forma humanizada, o que segundo a secretária Silmara Conchão, seria um atendimento que respeita a dignidade e os direitos constitucionais das mulheres, independentemente das crenças e valores morais do atendente.

“A religião hoje é o maior problema. Os movimentos conservadores deturpam a questão do gênero”, explica a secretária ao defender que certos pontos de vista religiosos devem ser deixados de lado para garantir o bom atendimento incondicional das vítimas. A gestora define “gênero” como a identidade social dos indivíduos, que independem de sua condição biológica, e que organizam socialmente o papel do homem e da mulher. Assim, debates sobre o tema são importantes para esclarecer o porquê de mulheres serem constantemente vítimas de violência, uma vez que são sempre colocadas em condição submissa aos homens.”Não queremos confundir as famílias, muito pelo contrário. O que confunde as famílias é a violência doméstica”, argumenta.

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O foco do curso, de acordo com Silmara Conchão, é discutir a condição da mulher na sociedade. “Queremos ainda discutir a masculinidade, refletir sobre como as desigualdades entre os gêneros afetam a todos nós”, ressalva. Um dos principais pontos a serem abordados é a desvalorização das queixas das mulheres vítimas de violência doméstica e sexual. “Há muitos atendentes que duvidam da queixa, não dão valor e isso não pode acontecer”, pontua Silmara Conchão.

Público alvo

O curso terá 300 vagas, sendo que 90% serão destinadas a servidores públicos e 10% para membros da sociedade civil. Profissionais de setores como segurança, saúde e assistência social terão preferência. “Estes trabalham em equipamentos que são porta de entrada para a vítima. Quando ela sofre agressão, é a eles que recorrem”, diz Silmara Conchão. A secretária cita o Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, ou Vem Maria, como exemplo de espaço de amparo às vítimas, mas ressalva. “É local que as mulheres procuram quando já está identificado que a causa do problema é violência doméstica. Queremos que outros equipamentos estejam bem preparados para recebê-las com dignidade”, defende.

Contudo, o curso Quem Ama Abraça espera abranger uma gama maior de servidores para o fortalecimento de uma rede de atendimento humanizado. “Queremos que áreas como habitação, administração, jurídico, e outras também participem, para que, caso a mulher seja transferida de um setor a outro, ela sempre seja bem atendida”, explica Silmara Conchão. O curso deve começar em outubro.

Questão racial

Além das desigualdades de gênero, a parceria Santo André e Senac também pretende instruir os servidores quanto a desigualdade de gênero. “Não tem como não fazer essa intersecção, a mulher negra é a mais vulnerável na sociedade porque sofre tanto com o sexismo [discriminação por conta do gênero da pessoa] quanto com o racismo”, explica a secretária Silmara Conchão. “O assunto precisa ser discutido para que as negras tenham um atendimento melhor”, pontua.
 

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