Reage ABC vai propor mudança no recolhimento de tributos

Empresários chegaram a fazer passeata em defesa da indústria (Foto: Pedro Diogo)

Representantes do Reage ABC, movimento encabeçado por lideranças empresariais da região, vão apresentar, na próxima reunião de prefeitos do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, em setembro, proposta para alterar a forma como as empresas recolhem impostos atualmente. A ideia é que o recolhimento deixe de ser feito pela cadeia de fornecedores sempre que a venda for efetuada diretamente para as montadoras. O método atual seria mantido apenas para vendas ao comércio atacadista ou varejista.

Segundo o diretor do Ciesp Diadema, Donizete Duarte da Silva, as autopeças recolhem impostos antes mesmo de receberem o pagamento pela venda às montadoras, o que ocorre, pela tradição do mercado, no prazo de 30 a 60 dias. 

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“Nessa situação de crise econômica, há empresas contraindo dívida junto aos bancos só para pagar tributos. Por esta razão, na reunião de prefeitos, no dia 8 de setembro, vou propor a mudança desta regra, pois o governo receberá o tributo da mesma forma, mas sem onerar e ainda contribuindo para tornar a indústria mais competitiva”, explica.

Qualificação

O grupo de empresários, que além do Ciesp – tanto de Diadema quanto de Santo André –, envolve entidades como a regional Santo André do SindusCon-SP (Sindicato da Construção) e da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), também pede linhas de financimento com juros menores e propõe mudança na metodologia de ensino das escolas técnicas e nos cursos oferecidos para adequá-los à realidade do mercado.

“O ideal é que os cursos deem uma formação mais generalista. Hoje, o que vemos é a formação de especialistas. Acontece que muitas vezes formam-se especialistas em segmentos já saturados ou que já se tornaram obsoletos. O profissional sai da escola para ficar desempregado. Um curso generalista daria condições de o profissional acompanhar a evolução e se adpatar com mais rapidez às novas demandas”, disse Silva.

O secretário executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico Grande ABC, Giovanni Rocco, diz que os cursos existentes nas prateleiras das escolas não atendem a demanda local das empresas. “Fizemos um levantamento de todas as instituições de ensino técnico do ABC, há um guia em fase de elaboração e, a partir desse guia abriremos um debate para aproximação das ecolas, que formam, com as empresas, que demandam a mão de obra”, disse Rocco.

A desconexão entre a formação do profissional e a necessidade das empresas já havia sido identificada pela Agência quando a entidade fez a captação das vagas para o programa do governo federal, Pronatec. “No ano passado captamos 38 mil vagas. Destas, 30 mil poderiam ser subsidiadas pelo governo. Mas na prática, só conseguimos ofertar esses cursos para 1,6 mil alunos. Isso porque boa parte dos cursos oferecidos pelas escolas não são procurados pela indústria”, diz.

Estratégia é usar força econômica local

Giovanni Rocco explica que a estratégia é usar a força política e econômica da região para propor medidas que auxiliem não só a indústria do ABC, mas também do País a ganhar competitividade. “O ABC tem um papel na economia do Brasil de importância gigantesca. Somos o berço da indústria nacional, da indústria automobilística, e temos grande condição e capacidade de elaborar políticas públicas. Por isso, nossa estratégia é formatar uma proposta bem elaborada junto com as entidades empresariais da região e apresentar ao governo”, explicou. 

Rocco lembrou de outras ações do governo federal em que a participação de representantes da região foram fundamentais tanto na elaboração quanto na aplicação de novas políticas. O mais recente é o PPE (Programa de Proteção ao Emprego), mas Rocco também citou ou InovarAuto, que visa aumentar a quantidade de peças nacionais aplicadas aos veículos produzidos no País. 

Entre esta sexta-feira (28/8) e segunda-feira (31/8), Rocco espera já ter definida uma agenda para que Agência de Desenvolvimento Econômico, Consórcio Intermunicipal, entidades empresariais e representantes das prefeituras possam debater ponto a ponto os temas propostos na reunião realizada segunda-feira, dia 24/8, que são tributação, linhas de financiamento e qualificação.

 

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