Trânsito volta a travar

Motoristas perdem horas no trânsito caótico do ABC (Foto: Pedro Diogo)

A volta às aulas trouxe novamente o caos no trânsito. Vias como a avenida Piraporinha, em Diadema, a Perimetral, em Santo André, e a Goiás, em São Caetano, são alguns dos gargalos, com alta concentração de veículos e pouco espaço. São Caetano tem 1 automóvel por habitante, Santo André, 1,8, e Diadema, cerca de 1,7. São Paulo tem 0,5 veículo por morador (5,7 milhões de veículos para 11 milhões de habitantes). A alta urbanização impede que as prefeituras criem rotas alternativas para desafogar o trânsito.

“Após as 17h30, a Perimetral trava. Um percurso de cinco minutos eu já demorei mais de uma hora. Mesmo com a faixa exclusiva, não anda”, reclama Stella Precivalli, moradora em Santo André, que utiliza a linha de ônibus municipal T29 para voltar do trabalho.

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Sandra Rubio, moradora de São Caetano, sempre passa pela Goiás, a principal em congestionamento, principalmente na altura da Guido Aliberti. A Prefeitura diz que o trânsito diminuiu, mas Sandra discorda. “Nos horários de pico não. Na verdade, a gente desvia por outros caminhos. Se tivesse reduzido, eu usaria a Goiás para voltar do trabalho”, afirma.

Marcelo Ferreira de Souza, secretário de Mobilidade Urbana de São Caetano, explica que a redução foi na duração do congestionamento. “Antes o trânsito era das 17h às 19h, e agora é das 18h às 19h30. Passamos pelo trânsito em menos tempo”, defende ao atribuir o ganho à nova sincronização semafórica. “A Goiás é rota principal de quem vai de Santo André para São Paulo e não há espaço para novas vias no entorno”, diz.

Outra cidade que trava é Diadema, com frota de 225 mil veículos e quase 400 mil habitantes. “Não temos espaço para duplicação de via, então investimos na sinalização, sincronia de semáforo e alterações nas mãos das rotas”, esclarece José Carlos Gonçalves, secretário de Transportes. O maior problema é nas avenidas Fábio Eduardo Ramos Esquível, Presidente Kennedy e Piraporinha, além do Largo de Piraporinha e o Corredor ABD, numa média de 10 a 15 km de engarrafamento. “Diadema só está preparada para receber cerca de 100 mil veículos, e já tem novas 20 mil famílias chegando por causa dos programas habitacionais, ou seja, quase 20 mil veículos”, diz.

Em Santo André, com 480 mil veículos, o caos se concentra, principalmente na Queirós dos Santos, Santos Dumont, Perimetral e XV de Novembro, assim como avenida Dos Estados, Prestes Maia, D. Pedro II, Capitão Mario Toledo de Camargo, Presidente Arthur Da Costa e Silva, Giovani Baptista Pirelli, Oratório, Atlântica e Pereira Barreto. Segundo Epeus Monteiro, diretor do Departamento de Engenharia de Trânsito, metade da circulação vai de uma cidade à outra. “As cidades brasileiras sofrem com esse passado de ter dado preferência aos transportes individuais na década de 1950. Não existe solução de curto prazo”, afirma

Não existe solução de curto prazo

A criação de mais vias é considerada inviável. “Teríamos de desapropriar imóveis para construir novas ruas e o custo é alto”, analisa Monteiro ao apontar ações, como melhor sinalização, bilhete único e catraca eletrônica nos ônibus para agilizar o fluxo. “Nossas prioridades são uma nova mão no 18 do Forte, não foi executado ainda, e o alteamento da avenida dos Estados na altura do viaduto Castelo Branco”, informa. Os recursos foram liberados pelo Banco Intramericano de Desenvolvimento (BID) em abril deste ano.

Em Ribeirão Pires, o gargalo é na Humberto de Campos, Santo André, Prefeito Valdírio Prisco, Francisco Monteiro e as ruas da área central. São cerca de 67 mil carros, ou seja, 0,5 carro para cada morador. Em Mauá, há 0,4 veículo por habitante. O caos acontece na João Ramalho, Capitão João, Antônia Rosa Fioravante, Barão de Mauá e Alberto Soares Sampaio.

“A nossa estratégia é o incentivo ao transporte coletivo”, explica Azor Albuquerque, secretário de Mobilidade Urbana de Mauá. “Nosso foco é a criação de cinco novos terminais rodoviários”, explica. São Bernardo e Rio Grande da Serra não responderam.

Creso Franco Peixoto, professor de Engenharia Civil da FEI, diz que soluções clássicas como construção de viadutos e alargamento de ruas não resolvem em regiões com alta densidade de veículos. “Quem não saía de carro começa a utilizá-lo. Corredores de ônibus e ciclofaixas também demoram para ter efeito positivo”, afirma. Segundo o professor, além de metrô, a solução é transporte coletivo. “Tem de dar vontade de deixar o carro em casa e não ser obrigado a deixar o carro em casa”, pontua.

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